Ainda não tem a nossa APP? Pode fazer o download aqui.

Monumentalidade pop de Rita Ora no Marés Vivas

Alta emoção da cantora humedeceu-lhe os olhos de lágrimas. Para Ora, este foi o melhor concerto da digressão.

Monumentalidade pop de Rita Ora no Marés Vivas
Joana Baptista (arquivo/MEO Marés Vivas de 2018)

O atraso de 20 minutos foi a única coisa má do espetáculo fulgurante de Rita Ora, uma megalomania pop de grande impacto num festival como o Marés Vivas. O espetáculo de grande diva pop era privilegiado por uma grande tela que mostra imagens em forma de videoclipe e seis dançarinos muito bem coreografados. 

Rita Ora está mais parecida fisicamente com Beyoncé e até ao vivo. Abana bem a anca e sincroniza-se com os dançarinos, numa performance fisicamente muito desportiva ao longo da hora da atuação. Mas por trás da imponência de diva, facilmente transparece a mulher de bom coração: Rita Ora põe-se a ler as mensagens das cartolinas na grade da assistência. Canta os parabéns a uma fã - que preferiu chamar-lhe "beautiful sexy girl" em vez de voltar a errar na dicção do nome. E mais bonito que tudo: depois de reparar que um fã queria cantar com ela, não se esqueceu e foi ter com ele meia-hora depois e passou-lhe o microfone. O fã brilhou em grande, com uma enorme interpretação, perante o olhar impressionado de Rita Ora que desabafou: "this is why I love Portugal".

A cantora britânica de origem albanesa tinha entrado de óculos escuros, com um casaco cedo a descair e a ameaçar ser despido, tal como realmente aconteceu, atuando o resto do concerto de top e calções de couros justos e bem curtos, e de botas pretas. Desde o arranque apostou nas novas canções do tal álbum que está para sair e de que ainda pouco se sabe. 'Your Song' e 'Poison' foram os temas de arranque do concerto, seguido pela canção bem reconhecida pelo público 'I Will Never Let You Down'. 

"Está um vento horrível mas quem se rala", dizia Rita Ora, que estava a tratar o público como o seu confidente. Dentro dessa intimidade com as milhares de pessoas, anunciou 'Body on Me' como a sua canção mais sexy, o que lhe mereceu uma ágil dança no chão alusiva a um movimento sexual.

Numa das músicas de tenra idade, a feminista 'Girls', a frente do palco torna-se propriedade exclusiva apenas de Rita Ora e das dançarinas femininas, "por uma grande nação livre".

O espetáculo teve também a sua menção à memória de Avicii com a inscrição de 1989-2018, na canção 'Lonely Together' - o segundo tributo ao DJ sueco no festival depois da dedicatória no dia anterior de David Guetta a fechar o seu set.

Rita Ora atirou-se para cima dos fãs e emocionou-se em lágrimas. E por isso, o seu comentário de que este tinha sido "o melhor concerto da digressão" pareceu sincero. Foi um dos melhores espetáculos desta edição do Marés Vivas.

Este tem sido um dia de mulheres. Além da soul da bonita Joss Stone ou a jovem Bárbara Bandeira no palco Santa Casa, que teve Agir em palco, LP também mostrou valias. A escritora de êxitos para outros também se sente bem na frente do palco, ainda por cima dotada de voz pujante e de um gosto em tocar ukulele (familiar do cavaquinho). Com imagem de rapaz muito magro mas inconfundivelmente com voz de mulher e uns óculos escuros redondinhos - tão pequenos que parecem uma miniatura, Laura Pergolizzi foi acompanhada no Palco MEO por uma banda rock tradicional, com uma sonoridade mais alternativa que as canções que compõe para Rihanna e afins.