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Diogo Piçarra no Campo Pequeno com amigos e os bons sentimentos à flor da pele

O músico mostrou(-se) "SNTMNTL" ao lado de uma mão-cheia de convidados e no meio do amor dos fãs. A reportagem do concerto de ontem em Lisboa.

Diogo Piçarra no Campo Pequeno com amigos e os bons sentimentos à flor da pele
Diogo Piçarra no Campo Pequeno, Lisboa, 2024Rúben Viegas

Depois de no passado dia 13 de abril ter enchido a portuense Super Bock Arena, Diogo Piçarra atuou ontem (20 de abril) no Sagres Campo Pequeno, em Lisboa. Tal como aconteceu no Porto, a passagem pela sala lisboeta serviu para mostrar "SNTMNTL", o disco que editou no início de março e que chegou com o propósito de preservar a capacidade vital dos sentimentos humanos na acelerada robotização dos tempos. É urgente preservar, como se de ouro se tratasse, a "experiência humana" e todas as suas nuances emocionais na emergente era da aparente frieza tecnológica.   

O início do espetáculo foi, por isso, para escutarmos as palavras do manifesto de "SNTMNTL". O statement, que foi projetado em vídeo na arena lisboeta, reclama então pelo cuidado dos sentimentos e das emoções nestes tempos  em que testemunhamos o advento da inteligência artificial e o questionamos na rotina dos nossos dias. Embora todo o cenário do espetáculo tenha sido criado para nos projetar para a incógnita do futuro ao serviço das máquinas, a experiência que se viveu na sala lisboeta foi sobretudo humana. Quente e humana. A arena do Campo Pequeno transformou-se numa bolha gigante de afetos, onde se cruzaram canções, sorrisos, declarações de amor e uma mão-cheia (e eclética) de bons amigos que Diogo Piçarra quis levar consigo. Pedro Abrunhosa, Van Zee, Frankieontheguitar, JÜRA, Sofia Martín e Bispo foram "convocados" e prontamente apareceram para a festa e para os abraços.  

A seguir à projeção do manifesto, o que vimos no Campo Pequeno foi uma manifestação eufórica de alegria que se fez sentir assim que o músico algarvio chegou para cantar 'Não Te Odeio', uma das novidades do álbum mais recente. 

Piçarra irrompeu pela arena a resplandecer de energia e manteve o nível energético lá em cima ao longo de todo o espetáculo. Saudou, sempre que podia, os milhares que tinha aos pés e, ao longo de duas horas, andou, incansável, pelas línguas cruzadas do palco, entre explosões de confetti, labaredas de fogo e outras surpresas pirotécnicas.

Conversador, de peito aberto e sempre com uma graçola pronta a ser disparada, o músico farense ia sentido o pulso do público entre a rajada de 25 canções que lhe ia oferecendo, com entusiasmo, gratidão e sem demoras.   


Piçarra esteve acompanhado pela banda e por dois bailarinos, o Joel e o Josué, mantendo o espetáculo com um andamento invejável que só acalmou para alguns momentos acústicos, mais íntimos, como quando cantou 'A Nossa Rua' ou a versão que fez às teclas do tema 'The Kill', dos norte-americanos Thirty Seconds To Mars, de quem é fã confesso.    

O alinhamento não ficou por isso fechado no disco mais recente, embora tenha passado por lá uma série de vezes. As visitas aos outros álbuns, que já cimentam dez anos de carreira, foram constantes. A arena escutou, por exemplo, 'Dialeto', 'Já Não Falamos', 'Coração', 'Escuro', 'Anjos', 'História', 'Tu e Eu' ou 'Paraíso'. E canções como 'Trevo' ou 'Até ao Fim' que em tempos cantou com a dupla brasileira Anavitória e com o português Agir, respetivamente. A arena escutou e acompanhou nos coros. Das mais antigas às novidades, praticamente todas as canções foram entoadas, de uma ponta à outra, por quem estava no Campo Pequeno. 

"Vamos juntos até ao fim", disse, às tantas, Diogo Piçarra, diante da enchente clara de amor que tinha à frente. Embora a enchente desse bom sentimento não seja propriamente uma novidade, não deixa de ser profundamente reconfortante. Houve, na verdade, uma enchente de amor vinda do público e outra em cima do palco. Com a cantora JÜRA, Piçarra cantou 'sabesamar' e com a espanhola Sofia Martín, que veio de Madrid para a ocasião, cantou 'Paraquedas'.

O rapper Van Zee chegou com Frankieontheguitar para ajudar Diogo Piçarra no tema 'Underwater' e o rapper Bispo (já durante encore) subiu ao palco para dividir com o algarvio a coroa de 'Monarquia'.

Ao lado de Pedro Abrunhosa, Diogo Piçarra cantou 'Amor de Ferro', outra que foi buscar ao álbum mais recente e que marca o início de uma nova era, como disse no início do concerto.   

"Esta semana, deparei-me com uma frase e fiquei a pensar nela", confidenciou o músico a meio do espetáculo. "Não é preciso que toda a gente goste de nós, é preciso que as pessoas certas gostem de nós", exclamou, recebendo em troca um sentido aplauso que validou a amadurecida reflexão. 
 
Depois de uma foto e um salto de família, uma chuva intensa de serpentinas anunciou o final da festa. Antes de sair do palco, Diogo Piçarra, suado e de sorriso aberto, ainda se demorou nos braços dos fãs que estavam na fila da frente e que, claramente, não o queriam deixar ir.  

O espetáculo terminou 'Sorriso', com todos os amigos em cima do palco e com uma vénia coletiva de agradecimento.