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Álvaro Covões critica a recomendação da DGS de testagem em eventos culturais

"É uma certidão de óbito para a cultura", lamenta à nossa rádio o empresário.

Álvaro Covões critica a recomendação da DGS de testagem em eventos culturais
MCR - arquivo de 2020

Em declarações à nossa redação, Álvaro Covões, líder da promotora Everything Is New e membro da direção da Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos, critica a recente recomendação da Direção Geral da Saúde (DGS) de testagem em eventos com mais de mil pessoas ao ar livre, ou com mais de 500 em ambiente fechado. E sobretudo lamenta-a enquanto não se apuram os resultados dos eventos-piloto ocorridos em abril e maio.

"Em Conselho de Ministros foi decidida a realização dos eventos-piloto para se conseguir salvar o verão. Ou seja, para ver se era possível aumentar a lotação das salas e de viabilizar os festivais. O governo decidiu e delegou à sociedade civil para fazer. Ou seja, nós, associações de sector, tivemos que pedir a colaboração das empresas, dos artistas e o apoio financeiro das autarquias para fazer face aos custos dos eventos-piloto. O governo decidiu mas não pagou. O governo decidiu, mas paga o setor empresarial. Tivemos o apoio também da Cruz Vermelha na testagem, muito profissionais, empresas e salas de espetáculos. Fizemos os testes. É absolutamente inacreditável como é que a DGS publica agora uma norma sobre a obrigatoriedade de testes para espetáculos de mais de 500 pessoas em sala fechadas e mais de 1000 pessoas ao ar livre, se ainda nem sequer têm os testes dos eventos-piloto", refere Covões, que encara a recomendação da DGS como uma obrigatoriedade. "Tomam-se as decisões sem se saberem os resultados. Isto é a mesma coisa que nos mandarem tomar medicamentos, sem saberem os resultados das análises".

 

A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, é uma das visadas das críticas de Álvaro Covões. "A Associação de Promotores teve uma reunião (com representantes do governo) menos de 24 horas antes da decisão destas regras, e não nos foi dito nada. Ou a Ministra não é Ministra, ou então isto é uma brincadeira, é uma falta de respeito pelo associativismo". O empresário responsável pelo festival NOS Alive questiona o aumento da austeridade sanitária em eventos culturais. "Como é que se dá este retrocesso, quando continuamos com as mesmas regras de junho de 2020, quando ainda não tínhamos um único vacinado em Portugal? De repente, passámos de bons alunos para maus alunos, sem qualquer explicação jurídica". 

 

O custeamento das testagens para os próprios espectadores gera grande apreensão em Álvaro Covoões. "Isto está a ser uma certidão de óbito sobre o setor cultural, porque obviamente o cidadão comum não vai estar disponível para pagar e fazer um teste, que muitas vezes vai custar mais que o próprio bilhete do espetáculo. Isto é a certidão de óbito sobre o setor cultural, sem fundamentação cientifica. Devemos estudar um assunto e fundamentá-lo bem. Aqui não. Apresenta-se uma decisão duas horas depois de um jogo de futebol, Hungria-Portugal, quando o país estava todo distraído".