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D.A.M.A sobre o novo disco: "é um álbum maduro na nossa juventude"

"Sozinhos à Chuva" chega hoje às lojas e plataformas digitais. É o quarto disco dos D.A.M.A.

D.A.M.A sobre o novo disco: "é um álbum maduro na nossa juventude"
Ayaz Palma
Miguel Coimbra, Kasha (Francisco Pereira) e Miguel Cristovinho estão, por esta altura, em isolamento. Os três elementos dos D.A.M.A, que testaram positivo à Covid-19, seguem o protocolo de segurança para evitar a propagação do vírus que tem virado as rotinas do mundo ao contrário. Os três músicos estão bem, como fizeram questão de escrever nas redes sociais, mas a verdade é que, no dia em que "Sozinhos à Chuva" é entregue aos fãs, os D.A.M.A estão confinados nesta encruzilhada pandémica.   

Vamos, por isso, recuar uns dias, altura em que os três elementos do grupo apresentaram o disco à imprensa. A Marta Campos esteve presente no evento de apresentação e aproveitou para conversar com os três bons rapazes, além de ter trocado algumas impressões com a Bárbara Bandeira e a Carolina Deslandes, duas vozes "recrutadas" para este álbum. "Sozinhos à Chuva", o quarto disco do trio, também contou com as participações de Ivo Lucas, Lutz, Mike 11, Nelson Freitas e T-Rex o que prova, afinal, que os D.A.M.A estão, na verdade, muito bem acompanhados.


Antes de os ouvirmos, e tendo em conta que 2020 trocou as voltas a praticamente toda a gente, deixamos aqui o breve contexto que os próprios D.A.M.A resumiram no texto de apresentação do disco: 

Ao longo da nossa carreira, tivemos o privilégio de poder partilhar momentos absolutamente inesquecíveis, entre nós e com milhões de pessoas. Momentos que nos emocionaram, que nos deram as lágrimas mais felizes e os sorrisos mais vincados. No entanto, quando terminámos a tour de 2018 e a promoção do nosso terceiro álbum - depois de singles como  'Era Eu', 'Pensa Bem', 'Oquelávai' ou 'Nasty' sentimos pela primeira vez a necessidade de nos afastarmos uns dos outros e de digerir o que tinham sido os últimos 7 anos das nossas vidas: 3 discos editados, quase 600 concertos, dezenas de colaborações e muita exposição, que sabemos ser inerente à nossa profissão. Precisámos de nos afastar para podermos viver as nossas histórias individuais, para depois voltar a sentir prazer pelo que fazemos, algo o peso da rotina tende a desvanecer. Estivemos um ano e meio afastados, mas sempre a fazer canções. E numa viagem ao Brasil, em fevereiro de 2019, encontrámo-nos novamente e voltámos a sentir o que nos fez formar uma banda quando éramos adolescentes e o que nos fez querer criar canções maiores do que nós. O nosso propósito. Decidimos então que o nosso quarto trabalho de originais não poderia ser apenas um conjunto de canções. Sentimos a necessidade de nos autoimpor mais um desafio e de criar uma obra musical para ser ouvida ininterruptamente, da primeira à última faixa; uma viagem sonora e emocional que nos enche a alma e dá sentido ao que fazemos. Planeámos regressar em força em 2020, lançar uma canção por mês, com início em janeiro, e em abril desvendar toda a viagem, o álbum completo. Lançámos 'Tento', 'Um Bocado', 'Ela' e 'Oh No'. Porém, 2020 revelou-se cheio de 'surpresas' e veio-nos mostrar-nos que não controlamos tudo o que nos rodeia, e que aquilo que temos como garantido nos pode ser retirado de um dia para o outro. Demos um passo atrás e questionámo-nos, como muitos certamente fizeram. E percebemos que tínhamos que voltar a centrar-nos e reajustar os planos. Optámos por adiar o lançamento do álbum e decidimos dedicar o nosso tempo às pessoas que amamos. Quando voltámos a focar-nos no trabalho, optámos por retirar do alinhamento do longa-duração as canções que já havíamos lançado até abril e não divulgar mais temas até à data de edição do álbum.


D.A.M.A

É este o contexto de "Sozinhos à Chuva". Os três sentiram que deviam dedicar mais tempo às histórias pessoais para depois voltarem ao foco do habitat natural e criativo de grupo com o propósito de restaurar a força coletiva que os liga. "Acaba por ser pouco natural não estarmos juntos, mas, além da nossa força coletiva, somos pessoas individuais. Temos as nossas coisas e, às vezes, precisamos da nossa distância. Mas ainda bem. O resultado do 'Sozinhos à Chuva' é fruto disso tudo. No fim acabamos sempre por nos encontrar", começou por dizer Kasha.
 


O afastamento foi então mais no foco do que propriamente na composição, que foi acontecendo de uma forma mais ocasional e descontraída. "Íamos fazendo, mas não com o foco em fazer um disco. Íamos fazendo canções, mas nada muito sério. Depois meteu-se a quarentena, o isolamento. Quando tivemos de ficar isolados começámos a colocar questões mais profundas a nós próprios sobre o que é que andamos aqui a fazer. Se é isto que queremos, o que é que está certo e o que é que está errado. Encontrámo-nos todos, com a nossa bagagenzinha, e mandámos tudo para o chão. Foi quando perguntámos: 'e agora?'. Felizmente, continuamos conectados na nossa raiz mais profunda que é a amizade, a música, a partilha e o amor. Nisso estamos todos no mesmo ponto. Este álbum é exatamente o resultado dessa energia que apareceu de novo, como se fosse a primeira vez. Agora, vamos continuar com força, a trabalhar para a frente", contou-nos Miguel Coimbra. 

"Estivemos a construir o álbum durante um ano e meio. Desde o momento em que decidimos começar a construí-lo fomos pegar em algumas canções. Por exemplo, a 'Coisas Normais', que é a única assim mais antiga, foi escrita há quase quatro anos só que nunca tinha sido produzida. Passamos a vida a fazer coisas e canções, mas muitas não são produzidas, nem sequer têm maquete. Só produzimos as coisas quando existe o propósito de lançá-las. Até pode acontecer fazermos uma canção e ficar apenas nas nossas cabeças", explicou Miguel Cristovinho sobre o processo de composição.
 


"Não temos qualquer limite àquilo que é supostamente o nosso conceito musical ou ao que os D.A.M.A são musicalmente. Esta música é um sentimento e a próxima é outro sentimento. Esta tem piano e a outra tem guitarra. Nesta usamos isto e na outra usamos aquilo. Acabamos por juntar os feats a esses sentimentos", acrescentou Kasha. 
 


Os sentimentos desenvolvem-se a par da evolução natural e, claro, a acompanhar as dores de crescimento. Como disse Miguel Cristovinho, os D.A.M.A são agora homens adultos, embora sempre com a preocupação de preservar o estado de espírito jovem. Ai de quem diga o contrário. "Houve um crescimento pessoal que é lógico. Coincidiu com a altura de crescer, quando as responsabilidades acrescem. Deixámos de ser jovens para passarmos a ser adultos. Somos adultos. Podemos continuar a ter um espírito jovem, e vamos mantê-lo, mas a verdade é que temos vidas de adultos, problemas de adultos. Isso acaba por transparecer na forma de pensar e na forma como expomos os pensamentos e o que sentimos. Nesse aspeto, [o disco] é mais maduro. (...) É maduro na nossa juventude".
 


Dizem os D.A.M.A que a "necessidade de partilha foi também um dos grandes impulsionadores deste projeto". "Sozinhos à Chuva" é por isso o álbum mais colaborativo do trio. Além das colaborações de Mike11, T-Rex, Suave, Ivo Lucas, Bárbara Bandeira, Carolina Deslandes, Nelson Freitas ou Lutz, o disco - que mostra 12 temas novos - foi produzido pelos BloBlip Studios e por Meoli, misturado por Rodrigo Crespo e Michael 'Mic' Ferreira e masterizado por Michael 'Mic' Ferreira.

"Quando trabalhas com pessoas talentosas, independentemente da fórmula, acaba por ser agradável. Estás a beber a arte da outra pessoa e ficas maravilhado com isso. Por exemplo, a forma como o T-Rex abordou os temas foi algo novo para nós. A Carolina [Deslandes], apesar de não ter composto o tema ['Coisas Normais'], tem um tipo de composição muito específico e, como já compôs connosco no nosso estúdio, acabámos por beber da arte dela. É uma artista absolutamente incrível. A Bárbara [Bandeira] é daquelas pessoas que, mesmo que escrevam algo para ela que não seja assim tão profundo, arranja maneira de interpretar de forma maravilhosa. Cada pessoa tem a sua estrelinha".
 

A cantora Bárbara Bandeira, que empresta a voz a três temas, sublinhou a naturalidade do processo que impulsionou este "Sozinhos à Chuva". A também namorada de Kasha está orgulhosa e feliz com o resultado. "Foi tudo super natural. Não houve nada suposto ou previsto e acho que as melhores coisas acontecem assim. Além do meu amor pelo Kasha, tenho um amor gigante e inexplicável pelo Cristovinho e pelo Coimbra. São os meus melhores amigos. O facto de poder cantar com os meus melhores amigos e com o meu namorado é algo que me deixa muito contente, até porque é algo que raramente acontece. Estou muito feliz e muito orgulhosa deles. Estou muito orgulhosa por terem crescido tanto enquanto pessoas e enquanto artistas",  disse a cantora.
 



"Eles são um bocado camaleões. Passaram por tantas fases. Cada um deles está sempre em metamorfose, ora numa fase mais feliz, ora numa fase mais introspetiva. É muito engraçado olhar para há três anos e ver as fases em que eles estavam, principalmente o Kasha, e perceber tudo o que tiveram de passar para este disco ser um culminar de tudo isso. Às vezes, até fico emocionada porque sei que isto é muito especial para eles. Também é muito especial para mim".
 



Carolina Deslandes confessou-nos que pediu aos D.A.M.A para cantar 'Coisas Normais' - a canção que diz ser a sua preferida do trio até hoje. "Apaixonei-me pela canção e disse: 'por favor, deixem-me gravar esta canção com vocês'. É a minha canção preferida, de todas as que fizeram até hoje. Impus-me e autoconvidei-me. Não sei se por vergonha, disseram-me que sim e gravámos. (risos) Gravámos tudo num dia, com uma energia incrível. Adoro gravar no estúdio deles. Mesmo para o meu álbum, estou sempre a dizer: 'deixem-me ir para o vosso estúdio gravar'. Adoro a forma como trabalham e a energia que se vive ali. É um bom ambiente. Não sentimos nunca que, de alguma forma, somos concorrência. A verdade é que o país e a indústria são pequenos. É raro encontrar um grupo de pessoas que faça o mesmo género de música em que não haja uma ponta solta ou assunto pendurado. Onde haja uma cumplicidade e amizade genuínas. É daí que nascem todas as canções bonitas. É por isso que quando ouvimos o disco sentimos que é verdade. Porque é mesmo".
 


Resumindo: "Sozinhos à Chuva" é o disco que os D.A.M.A consideram ser o "melhor projeto" que assinam até à data. "Sentimos que nos reinventámos e que fomos genuínos. Talvez o maior desafio de quem trabalha no meio artístico", contam na descrição que apresenta do álbum. "Resume o nosso passado, assume o nosso presente e espreita pela fechadura do nosso futuro".

Alinhamento "Sozinhos à Chuva":

1.    Intro
2.    Sozinhos à Chuva feat Mike 11 & T-Rex
3.    Então e Tu
4.    Medo (skit)
5.    À Solta feat. Ivo Lucas & Bárbara Bandeira
6.    Desejo (skit)
7.    Coisas Normais feat. Carolina Deslandes
8.    Coragem (skit)
9.    O Que Foi
10. Aceitação
11. Mar de Rosas
12. Razão (skit)
13. Faz de Conta (feat. Nelson Freitas)
14. Meoli
15. Deve Ter Sido Engano feat Lutz
16. Amor (skit)
17. Jura / Gota d'Água feat. Bárbara Bandeira
18. Paz (skit)
19. Para Ti