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Alunos com saudades da escola

Dados preliminares do inquérito online do Observatório de Políticas de Educação e Formação mostram que um em cada três alunos nunca mais voltou a sair de casa.

Alunos com saudades da escola

A maioria dos alunos quer regressar à escola "logo que possível" e muitos pais reconhecem alterações nos filhos que estão fechados em casa, tais como mais ansiedade ou agitação, segundo um inquérito nacional.

São os primeiros dados preliminares do inquérito online do Observatório de Políticas de Educação e Formação, que pretende medir o impacto da covid-19 no sistema de ensino português.

Em 16 de março as escolas fecharam e cerca de dois milhões de crianças e jovens passaram a ter aulas à distância. A reavaliação ao encerramento das escolas será feito pelo Governo na próxima quinta-feira, dia 09 de abril.

O Observatório de Políticas de Educação e Formação decidiu analisar o impacto do confinamento junto dos alunos e descobriu que três semanas depois da suspensão das aulas, a maioria dos alunos (64,7%) queria “voltar à escola logo que possível”.

A conclusão tem por base 1.200 respostas de pais e encarregados de educação que mostram ainda que a maioria das famílias está a cumprir as ordens de confinamento.

Mais de três quartos dos alunos (76,1%) não tem saído de casa nas últimas três semanas, segundo as respostas dadas na semana entre 23 a 28 de março.

Um em cada três alunos nunca mais voltou a sair de casa, enquanto 42,3% conseguiu ir até ao quintal, jardim ou parque de estacionamento da casa.

Apenas 5,2% dos alunos continuou a sair à rua “todos os dias para espairecer”, segundo os dados do inquérito que começou no mês passado e continua aberto a quem queira participar.

As mudanças que se vivem desde que, no início de março, foi identificado o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus em Portugal, não parecem estar a afetar psicologicamente a maioria das crianças e jovens, pelo menos segundo a perceção dos pais.

Mais de metade (53,8%) diz não ter notado alterações de comportamento dos filhos em relação ao que ocorria antes do isolamento.

No entanto, quase 40% dos pais notou diferenças: 19,9% falam em maiores níveis de ansiedade, 18,9% admitem que os filhos estão mais agitados e outros 6,9% apontam maior apatia nas últimas três semanas, refere o inquérito.

Os resultados do inquérito online vão continuar a ser atualizados, de acordo com informações da equipa responsável.

Na primeira semana, responderam pais e encarregados de educação (mais de 70% das respostas), assim como alunos e a comunidade em geral.

A maioria dos pais e encarregados de educação que respondeu (60%)tem mais do que um filho a frequentar o sistema de ensino e cerca de 80% frequentam a escola pública.

O observatório é coordenado pelo Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

O Ministério da Educação está hoje reunido com representantes do Conselho de Escolas, o Conselho Nacional de Educação, das duas associações de diretores escolares e a associações de pais para discutir como será o terceiro período de aulas numa época de contenção da disseminação do novo coronavírus.