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Dez grandes atletas internacionais da década

Primeiro balanço desportivo da década, sobre os grandes heróis destes dez anos.

Dez grandes atletas internacionais da década

Depois da nossa série balanços da década sobre música (que podem consultar na grelha de Notícias Relacionadas), entramos agora na área desportiva, começando por destacar dez grandes atletas internacionais deste decénio, das pistas de tartan às pistas do asfalto, dos campos com redes a meio aos campos com redes ao fundo, do verão ao inverno. Esta seleção é, evidentemente, subjetiva.  

 
Usain Bolt (Jamaica/Atletismo)
É o maior velocista de sempre! Já vinha com grande andamento da década passada com uma tripla de ouro nas modalidades de atletismo mais rápidas (100 e 200 metros e estafetas de 4x100) nas Olimpíadas de 2008, pleno esse que repetiu nas duas edições subsequentes, em 2012 e 2016. É um percurso olímpico imaculado, de nove medalhas de ouro ao todo, algo inédito num velocista que acrescentou ainda nesta década outra proeza única: o recorde mundial nas estafetas dos 4x100 metros, a juntar-se aos recordes mundiais também seus do decénio anterior nos 100 e 200 metros. Outro pleno, portanto. Enquanto competiu varreu tudo nas Olimpíadas e quase tudo nos vários Mundiais de Atletismo, prova onde se tornou o primeiro a ser tetracampeão do mundo seguido nos 200 metros. Não há memória de um rombo tão grande nas provas de velocidade para os Estados Unidos, tudo por causa de um homem jamaicano que parecia um leopardo em fuga. Sobrehumano! 


Simone Biles (Estados Unidos/Ginástica Artística)
Esta mulher de um metro e 45 centímetros está a caminho de se tornar a ginasta internacional mais medalhada de sempre - está em 3º, basta só mais uma grande competição para o poleiro de maior ginasta de sempre. Em seis anos de alta competição, contabiliza quatro títulos de campeã olímpica e 19 (um máximo histórico) de campeã mundial. É a melhor do mundo em quase todos os aparelhos e em quase todas as modalidades de ginástica artística, o que lhe confere um domínio absoluto na disciplina de individual geral, onde é pentacampeã mundial e a atual campeã olímpica. Só ela própria a vai parar, quando decidir abandonar a competição (quase de certeza, no final do próximo ano). 


Cristiano Ronaldo (Portugal/Futebol)
Só falta a Cristiano Ronaldo ser campeão do mundo por Portugal. De resto, já ganhou tudo nesta década: campeão europeu das nações, vencedor da Liga das Nações da UEFA, mais três títulos de campeão do mundo de clubes (a somar ao que tinha alcançado com o Manchester United há mais de 10 anos) e mais quatro Ligas dos Campeões (um total pessoal de cinco). Nunca nenhum futebolista se desdobrou em vários ligas diferentes com a eficiência de gigante como Cristiano Ronaldo – nem Platini ou Cruijff, muito menos Maradona. Depois de no decénio passado, CR7 ter ganho três Premier Leagues seguidas em Inglaterra, foi campeão nesta década em Espanha (pelo Real Madrid) e em Itália (pela Juventus). Por onde passa, deixa saudades. O jogador que começou como um extremo endiabrado refinou ao longo destes anos como um falso ponta-de-lança com um apetite de golos insaciável. Não é mero elogio cortês: parece menos do que a idade que tem. Com quase 35 anos em cima, vendo-o em campo, ninguém consegue atrever-se a dizer que está velho. E ainda fez parecer um país de média-dimensão (de apenas dez milhões) como Portugal uma autêntica potência continental: pequeno no mapa, grande no relvado, muito graças à elasticidade de Cristiano Ronaldo.


Lewis Hamilton (Inglaterra/Fórmula 1)
Já é o segundo piloto com mais títulos mundiais de sempre, seis ao todo, apenas atrás do alemão Michael Schumacher, com sete. Lewis Hamilton amealhou nesta década cinco títulos mundiais e bateu uma série de recordes históricos, o maior número de pontos de sempre, o maior número de pontos numa época, o maior número de pole positions ou o maior números de vitórias em diferentes pistas e grandes prémios. 


Lionel Messi (Argentina/Futebol)
Cristiano Ronaldo é o melhor atleta ao serviço do futebol e o mais completo, mas Messi é o mais predestinado e o melhor com as bolas nos pés. Ora distribui o jogo e assiste, ora marca. Messi é omnipresente na hora do golo. Os seus pés provocam o magnetismo com a bola, que nunca descola das suas botas, mal faz os seus arranques velozes com o esférico em posse. Messi sabe bem que o futebol é um desporto coletivo, mas ao longo desta década tornou-se no futebolista com mais galardões dos dois maiores prémios individuais do futebol: seis Bolas de Ouro, seis Botas de Ouro. 


Mo Farah (Grã-Bretanha/Atletismo)
Conseguiu a dobradinha do ouro nos 5000 e 10 000 metros nas Olimpíadas de 2012 e de 2016. Durante vários anos, Mo Farah foi o dono do lugar mais alto do pódio nestas duas distâncias. Está definitivamente na história do atletismo como o maior fundista britânico de sempre. Na verdade, um dos melhores de sempre do mundo.


Teddy Riner (França/Judo)
É em todos os sentidos um peso-pesado do judo: o peso na balança de 130 quilos, e o peso no lugar mais alto do pódio em dois Jogos Olímpicos seguidos (2012 e 2016), o estatuto de pentacampeão europeu e o recorde histórico de dez títulos de campeão do mundo. Em termos de desportos de combate nesta década, só a lutadora japonesa Kaori Icho se lhe compara.


Michael Phelps (Estados Unidos/Natação)
Tornou-se nesta década no atleta mais medalhado de sempre das Olimpíadas (28 medalhas, 23 delas de ouro, outro recorde) e só esse facto o obriga a estar nesta lista. Mas o seu palmarés nestes últimos dez anos é também impressionante: nove medalhas de ouro olímpicas e quatro títulos de campeão mundial. Phelps mostrou ainda uma polivalência nessa superioridade nas especializações de livres, mariposa e, na componente mais completa de todas, os estilos. 


Serena Williams (Estados Unidos/Ténis)
Pode dizer-se que nunca houve ninguém igual nos courts. Tal como outros nesta lista, também Serena Williams já vinha com hábitos de superioridade da década anterior. Mas foi neste decénio que se tornou a tenista individual com mais grand slams da história (um total de 23) - um máximo inédito para homens ou mulheres – com a conquista neste decénio de mais quatro Torneios de Wimbledon, três Opens da Austrália, três US Opens e dois Roland Garros. A sede de vitórias espalha-se aos pares, onde também foi ganhando mais alguns Grand Slams, e granjeou-lhe a doce dobradinha de ouro olímpico em 2012 (pares e individuais). Que se repita em texto o que é irrepetível em ténis: nunca haverá ninguém igual a Serena.


Ester Ledecká (Rep. Checa/Esqui Alpino e Snowboard)
Praticar dois desportos diferentes já requer muito ecletismo. Ter esta simultaneidade em alta competição, ao ponto de competir olimpicamente, já pertence à dimensão hercúlea. Mas a checa Ester Ledecká foi ainda mais longe: além de competir olimpicamente em dois desportos diferentes, esqui alpino e snowboard, foi campeã olímpica em ambos na mesma edição! Nunca um atleta tinha ganho medalhas de ouro em dois desportos diferentes nos Jogos Olímpicos de Inverno. Nos dois desportos desliza-se sobre a neve mas os equipamentos são completamente diferentes: no snowboard usa-se prancha, no esqui alpino utilizam-se (como o nome sugere) esquis. Mas há muito mais diferenças. Há outras figuras históricas desta década nos desportos de inverno, como a norueguesa Marit Bjørgen no esqui corta-mato (que se tornou na atleta mais medalhada de sempre das Olimpíadas de Inverno, com 15 subidas ao pódio). Mas neste caso, damos prioridade ao feito sobre o currículo. O que Ester Ledecká fez é próximo de um milagre.


 
Artigo de opinião.