O verão tem andado envergonhado mas hoje finalmente assumiu o papel que lhe cabe. O NOS Alive começou com o céu azul talvez já a lembrar o tão estimado céu de 'Just Like Heaven' dos britânicos Cure que mais logo fecham o Palco NOS. Espera-se uma passagem pelos temas inesquecíveis que marcam quarenta anos de estrada. A estrada, essa, certamente será celebrada a plenos pulmões pelos que não vão faltar a este encontro. É dia de aniversários hoje por aqui. Os Cure celebram 40 anos, os Ornatos Violeta assinalam os 20 anos do disco "O Monstro Precisa de Amigos" e o comediante Fernando Rocha comemora duas décadas de estado de graça no Palco Comédia.
Nas últimas semanas, temos visto o nome do festival (que já vai na sua 13ª edição) em toda a parte. NOS Alive, esse nome repetido ao expoente da loucura que tem feito gente feliz em série desde 2007. Sim, estamos a aproveitar a lírica dos Ornatos Violeta para este relato porque estamos em crer que será um dos grandes concertos da noite. Pelo menos não vão faltar amigos à beira do monstro. Isso é garantido!
As portas abriram às 15h00. Nas grades, já estão os resistentes à espera da banda que andam a querer ver há tanto tempo. The Cure, Ornatos Violeta e Linda Martini são as mais populares entre os primeiros a chegar.
A primeira conversa foi com a presença mais nova que encontrámos até agora. Uma menina que, com apenas 11 anos, veio ver os Cure. Com ela trouxe os pais, os grandes responsáveis por ter tomado o gosto à banda de Robert Smith. Diz que vai ouvindo os Cure lá por casa, com a frequência de audição a variar consoante das alturas. Ainda em tenra idade, sabe, por exemplo, que a banda britânica está a assinalar 40 anos. Ena! A família veio toda do Porto para marcar posição (literalmente) na primeira fila. Ver Ornatos Violeta também faz parte da lista de afazeres familiar, até porque os cinco bons rapazes também são do Norte e não é todos os dias que dão concertos, muito pelo contrário.
Ao lado, um grupo (nos seus quarenta) ocupa grande parte das grades. Qual a banda que vieram ver? The Cure, também. Há história neste amor à banda de "Disintegration". A relação é de muitos anos e, sempre que há oportunidade, juntam-se uns trocos para ir ver Robert e companhia a qualquer parte do mundo. As roupas de tom escuro que nos anos oitenta eram ostentadas com orgulho para mostrar que se pertence a uma tribo ou melhor a um estado de espírito já não são as de agora, mas por dentro está tudo igual. Até porque, segundo nos disseram, gostar de Cure é um processo emocional muito particular, com estatuto de eterno. Perdura sem grandes complexos de amadurecimento. O sentimento é o mesmo, ainda que noutra língua, para Emília. Veio de Itália com as mesmas convicções, para cantar os temas da banda que faz parte de todos os dias da vida que leva. Até do casamento. 'A Forest' foi a canção que dançou no dia em que casou.
Nas grades está representada também a Finlândia e o Reino Unido, pelo que conseguimos perceber. Até ao final da noite, teremos, certamente, um esboço do mapa mundo, como é costume acontecer no Passeio Marítimo de Algés.
Há muitas emoções para viver que estão a começar a partir de agora. Muita cantoria, muitos amigos para encontrar ao virar da esquina, muitos encontros para combinar ao pé do merchandising, muitos copos erguidos para brindar a tudo o que é bom na vida, alguns retoques na maquilhagem e, claro, os concertos. O cartaz é eclético e há música para muitos credos musicais.
Estão reunidas todas as condições para esta ser mais uma edição vencedora de um dos festivais mais acarinhados pelo público.
The Cure, Smashing Pumpkins, Vampire Weekend, Bon Iver, Ornatos Violeta, Mogwai, Weezer, Tom Walker, Jorja Smith, Primal Scream, Greta Van Fleet, Hot Chip, Cut Copy, Thom Yorke, Sharon Van Etten, Idles, Grace Jones, Gavin James, Gossip, The Chemical Brothers ou The Gift são só alguns dos nomes que vão marcar presença no Passeio Marítimo de Algés hoje, amanhã e sábado.
