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NOS Alive: a previsão de Monsieur de La Palice

A antevisão do que realmente vai acontecer no festival de Algés.

NOS Alive: a previsão de Monsieur de La Palice

Faz de conta que temos uma bola de cristal baratucha que só consegue detetar o óbvio: Albufeira estará uma confusão em agosto; vai haver grandes bebedeiras na próxima Oktoberfest, em Munique; o parque automóvel do centro comercial Colombo vai estar a abarrotar nos dias 23 e 24 de dezembro. Bem-vindo de volta, Monsieur de La Palice

A bola de cristal em posse não permite adivinhar quais os amigos que cada um de vocês vai encontrar inesperadamente no Alive, quantos encontrões no recinto vão levar, ou quais os discursos levados pela emoção que os músicos do cartaz farão.    

Mas esta bola de cristal permite dar-nos estas dez certezas no NOS Alive, que começa esta quinta-feira.

Loucura à volta dos Ornatos Violeta (Palco NOS, às 20h45 de dia 11)
Trata-se de celebrar os 20 anos do segundo álbum "O Monstro Precisa de Amigos". Mas poderiam ser os 22 anos do longo de estreia "Cão" que o público português se embriagaria de fervor de qualquer maneira. Manel Cruz vai ter o apoio vocal de milhares de gargantas insaciáveis, a cantar verso por verso, de 'Tanque' até ao 'Fim da Canção'. E até podem fazer de Vitor Espadinha em 'Ouvi Dizer' e de Gordon Gano em 'Capitão Romance', se for preciso, porque eles vão até onde for preciso para festejar mais este regresso efémero da banda de rock alternativo dos anos 90 mais amada deste país. 

 

Visão do fantasma de Variações (EDP Fado Café, às 23h30 de dia 11; às 0h00 de dia 12; e às 0h30 de dia 13)
Sebastianistas deste país, se virem um homem de barba alourada e de presença exuberante, demasiado parecido com o António Variações, incluindo nas roupas, não estarão a ter uma alucinação. É ele mesmo, mas em personagem, interpretada pelo ator Sérgio Praia (que encarna o cantor minhoto no filme "Variações"), acompanhado por mais cinco músicos, incluindo o teclista Armando Teixeira. Para ressuscitarem em palco as lendas mortas, os americanos recorrem ao holograma, mas nós ainda preferimos a recriação em carne e osso. Os concertos de Variações acontecem na Rua EDP, uma réplica da Baixa Pombalina. Mas o EDP Fado Café vai parecer um clube do Bairro Alto em 1983.


  
Rádio nostalgia dos Cure (Palco NOS, às 0h10 de dia 11)
É o nono concerto da banda de Robert Smith em Portugal. Só por preciosismo factual se pode dizer que se passa em 2019. Espiritualmente, vai passar-se todo no século passado, de 2000 para trás - estilo 'Friday I'm In Love', 'A Forest' ou 'Lovesong'. A estética gótica mantém-se sólida face à passagem do tempo e, reconheça-se, as canções também. Se há teias de aranha, é só porque fazem parte deste imaginário familiar a Tim Burton.

 

Desbunda com os Primal Scream (Palco NOS, às 19h50 de dia 12)
Somem os excessos do rock & roll aos da cultura da rave e temos um cocktail em palco chamado Primal Scream, uma energia sem limites encorpada pelo grande performer que é o vocalista Bobby Gillespie. Contem com alguns clássicos da obra-prima de 1992, "Screamadelica", quando o rock & roll redescobriu que sabe abanar a anca.

 

O planeta Vampire Weekend (Palco NOS, às 23h00 de dia 12)
Vai estar colocado um globo gigante sobre os dois bateristas em funções. Bem à vista está o continente africano, que os Vampire Weekend tanto afloram nas suas canções. Em paralelo com o crescimento da população planetária, também os músicos da banda aumentaram em palco. As duas primeiras vezes que vieram ao Alive, eram só quatro membros. Hoje, com a saída do multi-instrumentista e produtor Rostam, são sete. São necessárias, portanto, quatro pessoas para substituir o maquinão que era Rostam. Mas as canções vão continuar saltitantes. Tanto que até aquele globo gigante abana e dança.    

 

Desfile carnavalesco de Grace Jones (Palco Sagres, às 0h00 de dia 12)
Não é a sua estreia em palcos nacionais mas é como se fosse - a passagem por dois clubes portugueses no início dos anos 90 foi demasiado discreta. A diva boémia não cabe só no disco-sound, descobriu o caminho do cabaret para o século XXI. O feito merece a aclamação eterna. Vai ser um dos acontecimentos do festival. Bastava Grace Jones estar em palco para ser um show dos grandes, mas a veterana jamaicana traz os seus camiões de guarda-roupa. O concerto também vai ser um desfile de várias vestes e um baile de máscaras. Sempre com aquela excentricidade.

 

Stagediving com os Idles (Palco Sagres, às 20h30 de dia 13)
Há sempre o risco de uma revolução começar num concerto de Idles. Basta auscultar as letras das suas canções - tal como acontece com os Sleaford Mods - para percebermos que a sociedade britânica não está bem. No meio disto, há toda uma ebulição punk, vinda não só das mensagens do vocalista Joe Talbot, como também da paródia do guitarrista de bigode farto Mark Bowen que, como sempre, há de preparar o seu número de fura-multidões, a ser iniciado com um mergulho no meio da massa de fãs como quem salta para uma piscina.

 

Rock com grande pedalada dos Smashing Pumpkins (Palco NOS, às 23h30 de dia 13)
... E quem estará a dar ao pedal nos bombos é tão só o baterista histórico Jimmy Chamberlin. Juntamente com a fera vocal e da guitarra Billy Corgan, já daria para fazer dos Smashing Pumpkins uma lo(u)comotiva do rock. Mas estará lá também outra testemunha dos tempos dourados da banda de Chicago: o guitarrista James Iha. Falta só a baixista D’Arcy para termos o quarteto histórico de volta. Não temos. Mas o público do Alive pode contar com um alinhamento de clássicos: 'Zero', 'Bullet With Butterfly Wings' ou a grande balada 'Disarm' dificilmente não serão tocados. E ainda pode haver uns presentes que a banda não tocava dantes, como o synthpop de 'Eye' (composto para o filme de David Lynch, Lost Highway) ou a expedição sensorial de 'The Aeroplane Flies High' (um dos muitíssimos lados B da era fértil do álbum duplo "Mellon Collie and the Infinite Sadness").

 

Ena Pá 2000 pela madrugada fora (Palco Comédia, à 1h00 de dia 13)
Reservar os Ena Pá 2000 para último concerto do último dia em qualquer palco que seja é pôr um festival a jeito de só acabar no ano seguinte. Enquanto houver um espetador resistente, por muito ébrio que esteja, Manuel João Vieira manter-se-á em palco, mesmo que os seus músicos já tenham demovido e ido por fim descansar. Acabará o concerto antes da aurora?    

 

Algés a faiscar com os Chemical Brothers (Palco NOS, à 1h30 de dia 13)
Algés será mais detetável do espaço aéreo quando os Chemical Brothers iniciarem a sua grande sessão luminosa de música eletrónica. Do grande clarão do palco, há duas sombras, os dois membros Tom Rowlands e Ed Simons, que da base de programações vão mandar temas de culto para a populaça como 'Hey Boy Hey Girl' ou 'Block Rockin' Beats'. Vai ser uma tremideira.