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Tanta coisa que aconteceu em Glastonbury

Duetos de Kylie Minogue com Nick Cave e dos Killers com os Pet Shop Boys. Miley Cyrus virou rocker. E até o naturalista nonagenário David Attenborough apareceu.

Tanta coisa que aconteceu em Glastonbury
EPA

Aquele pavor crónico do recinto de Glastonbury convertido num enorme lamaçal não aconteceu este ano. Neste fim-de-semana, por tolerância de São Pedro, os festivaleiros puderam caminhar de sandálias e de ténis de sola fina, e não com aquelas galochas sujas de terra húmida.

As altas temperaturas em Glastonbury não foram só meteorológicas, foram também musicais. A australiana Kylie Minogue, por exemplo, não trouxe só animação dançante e a listagem best of da sua já longa carreira. Contou e cantou com convidados de monta como o vocalista dos Coldplay, Chris Martin, em 'Can't Get You Out of My Head', e o senhor de fato Nick Cave, na eterna murder ballad em 'Where the Wild Roses Grow'.         

 

Os cabeças-de-cartaz de sábado The Killers também investiram fortemente no seu leque de convidados. Mas guardaram-nos para o único encore, todos eles referências de uma década muito querida para os Killers: os anos 80. Foram eles Johnny Marr (ex-guitarrista dos Smiths) e os Pet Shop Boys. Houve, mediante a retaguarda dos Killers, a interpretação de 'This Charming Man' (dos Smiths) e 'You Were Always on My Mind' (clássico popularizado pelos Pet Shop Boys).

 

O NOS Alive cresceu tanto ao longo de 12 anos que, num ataque de patriotismo, poderíamos olhar para Glastonbury como um pré-aquecimento para o festival de Algés. Pelo menos, é um prenúncio de muito do que vai acontecer no fim-de-semana de 11 a 13 de julho, junto ao rio Tejo.  Passaram este ano por Glastonbury nomes da edição de 2019 do Alive como os Chemical Brothers, Vampire Weekend, Sharon Van Etten, Hot Chip, Idles, entre outros. Entre esses outros destacam-se os Cure que voltaram a desempoeirar as suas velhinhas canções. Preparem-se, portanto, para mais um pedaço de história em estilo gótico em Algés. 

 

Fazendo uma revista de imprensa às reportagens de Glastonbury, pode deduzir-se que Stormzy foi um dos heróis desta edição, com o feito adicional de ter sido o primeiro inglês negro a ser cabeça-de-cartaz no longo histórico do festival. O prémio de melhor cenografia vai para este espetáculo.

 

Miley Cyrus foi a Glastonbury matar a estrela pop que havia dentro de si, reencarnando-se agora numa rocker de olhos densamente pintados e de calças de couro platinado de cinturão bem dourado. Fez versões de Led Zeppelin, Metallica e Nine Inch Nails, a banda eletrificou-se toda com power chords e solos de guitarra, e agora só lhe falta uma capa na revista Kerrang!. Senhoras e senhores, apresentamo-nos a nova rocker Miley Cyrus. Bem-vinda ao reino de Elvis!


 
Se chamam veteranos aos Cure, o que dizer do naturalista nonagenário David Attenborough, que apareceu no palco principal (o Pyramid Stage)? Adora a música dos animais e saudou Glastonbury por se ter livrado da praga do plástico – o que significa nas contas de Attenborough, "menos um milhão de garrafas de plástico de água" nos oceanos. Os bichos agradecem. 

 

Mais badalado que os Charlatans, foi este segurança que canta cada verso do que está a ouvir da banda da Madchester. Os fãs não estão só nas filas da frente, podem estar à frente dessas mesmas filas, mesmo que fardados e de costas para os ídolos.