Ainda não tem a nossa APP? Pode fazer o download aqui.

A arte sacra de Hozier

80 minutos de concerto no Coliseu dos Recreios, com o álbum de estreia homónimo ainda a facturar.

A arte sacra de Hozier

De figura esguia e alta, Hozier trouxe ao Coliseu de Lisboa a sua banda de oito membros (Hozier inclusive), com quotas femininas a 50% e com muita gente disponível para as teclas e para os coros com uma magnitude similar aos Pink Floyd. Essa energia do coro clama por soul e por alguma força superior do gospel quase em qualquer canção das 16 que o músico irlandês tocou.

Mal começou o concerto de 80 minutos com Like Real People Do, logo alguma histeria se apoderou da sala e a vontade de algumas pessoas em se levantarem, foi satisfeita na canção seguinte Nina Cried Power.

Como se não bastasse a adoração daquele público (muito dele estrangeiro), Hozier experimenta mais uma forma de ser idolatrado em Angels of Small Death and the Codeine Scene com um solo de guitarra.

"Se não se importarem, vou testar a vossa habilidade para cantar. Sei que sim, pois oiço muito fado", disse simpaticamente Hozier, numa das primeiras vezes que se dirige ao público, antes de se lançar a To Be Alone, com uma guitarra rectangular, no epicentro de uma tempestade de blues que tornou inútil a dedicação da violinista Suzanne Santo (que conduziu a primeira parte, com a sua própria banda).

NFWMB, sobre o fim do mundo, é o primeiro tema fora do seu álbum a ser tocado e finalmente o público arrefece um pouco. Cherry Wine é todo um todo um processo de unificação: um só músico em palco (Hozier), um só instrumento (a guitarra acústica), uma só luz sobre ele. Seguiram-se alguns momentos mais endiabrados a lembrarem, só um pouco, os White Stripes naqueles abanões blues-rockers.

"Já provaram que sabem cantar. Portanto, se conhecerem esta música, não tenham medo de a interpretar", desafiou Hozier, na preparação da fervura para Someone New. O público não se fez rogado e cantou a música verso por verso - fá-lo-ia de qualquer das maneiras, independentemente do pedido de Hozier.

O concerto estava a correr tão bem que duas mulheres ostentavam orgulhosamente a bandeira irlandesa no meio da plateia pouco sentada. Mas nem tudo foram temas do seu único álbum, já de 2014. Houve também canções novas como Movement, bem na linha que se conhece em Hozier: uma pop com a grandeza celestial dos espirituais, mesmo a calhar para o tema a seguir, Take Me to the Church, e aí o Coliseu era apenas e só a catedral do messiânico Hozier.

No único encore, Hozier embrulha-se numa bandeira portuguesa e torna-a uma peça de vestuário sua nas duas canções finais: a versão das Destiny’s Child, Say My Name, e Work Song.

m baixo, a galeria de fotos das atuações de Hozier e de Suzanne Santo (na primeira parte).