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Artistas que nunca atuaram em Portugal

Seleção de dezena e meia de nomes que nunca cá atuaram. Alguns deles ainda vão a tempo de virem.

Artistas que nunca atuaram em Portugal

Em 1971, com o 1º Festival Internacional de Cascais e com o Festival de Vilar de Mouros, e sobretudo no ano politicamente quente de 1975, com os dois espetáculos dos Genesis no Pavilhão Dramático de Cascais, Portugal começa um processo gradual de atração dos grandes músicos internacionais... até ao atual século, quando passámos a ter aquela sensação de omnipotência de que mais tarde ou mais cedo eles virão cá.

Há falhas históricas irremediáveis, outras remediáveis. Alistamos em baixo 15 grande nomes da música que nunca vieram cá.       

Bob Marley
Em 1980 e anos anteriores, Bob Marley corria literalmente os quatro cantos do mundo - atuou mesmo nos cinco continentes - enquanto que Portugal já ia recebendo alguns nomes conceituados - desde Peter Gabriel a Police, de Ramones a Mike Oldfield. Mas a lenda do reggae nunca pisaria palcos nacionais. O mais próximo de Portugal que Marley e os seus Wailers estiveram foi a 30 de junho de 1980 na Plaza de Toros Monumental, em Barcelona. 900 pesetas era o preço dos bilhetes que 18 mil felizardos conseguiram comprar.

 

Queen com Freddie Mercury
Quando se deu a última digressão de sempre dos Queen com o vocalista Freddie Mercury (e também com o baixista John Deacon), em 1986, ainda a era dos megaconcertos não tinha começado em Portugal. O grande aparato cénico da banda inglesa e acima de tudo a presença operática do seu grande performer Freddie Mercury couberam na Peninsula Ibérica, mas apenas na vizinha Espanha, onde deram três dos últimos quatro concertos da Magic Tour. Esta digressão tinha passado pouco antes pela mais fechada Hungria, antes do início da derrocada da Cortina de Ferro em 1989. Freddie Mercury teve então a coragem de cantar um tema tradicional do país na difícil língua dos magiares no Népstadion, em Budapeste.


Taylor Swift
A estrela pop sempre andou mais por palcos da América do Norte do que pela Europa. Mas a hora de Taylor Swift atuar em Portugal há de vir, com uma sala como a lisboeta Altice Arena (o antigo Atlântico) à sua espera. Quando isso acontecer, adivinha-se uma grande corrida aos bilhetes. É uma questão de tempo, dir-se-ia.


 
Sade
Sempre esquiva, só aparece debaixo das luzes da ribalta de tempos a tempos. Faz um álbum por década e chegou a estar longe dos palcos europeus quase vinte anos. Talvez por isso, não surpreenda assim tanto que nunca tenha dado um concerto em Portugal em mais de 30 anos de carreira internacional. A sua pop tropical enamorada pelo jazz pede um festival como o Cool Jazz, um dos eventos indicados para o seu baptismo ao vivo no nosso retângulo à beira-mar. Ao charme vocal (e visual) de Sade, junta-se uma banda com uma espinha dorsal de músicos que com ela toca há mais de trinta anos.  

 

Fleetwood Mac
Têm sido muitas as vidas, as discussões internas e os êxitos desta histórica banda. Mas a América do Norte é tão grande que ocupa quase toda a agenda de concertos deste grupo de Christine e John McVie, de Mick Fleetwood e de Stevie Nicks e que já não é mais de Lindsey Buckingham. O mapa europeu ao vivo dos Fleetwood Mac é tão pequenino que nunca lá constou a Peninsula Ibérica. Apesar do apego ao nosso éter radiofónico de numerosas canções da formação veterana - 'Seven Wonders', 'Little Lies', 'Go Your Own Way', entre muitos outros - Portugal sempre foi uma miragem para os Fleetwood Mac. Quando assim deixar de ser, reservem a Altice Arena, por favor.

 

Pink
Com carreira a solo bem sucedida há quase 20 anos e com um número razoável de digressões que a levaram, inclusive, a países menos óbvios como a Eslováquia, a Islândia ou a Letónia, causa espanto que Pink ainda não tenha dado um único concerto em Portugal. A cantora norte-americana anda a carregar com uma cidade às costas, na parafernália da Beautiful Trauma World Tour, que apesar da designação planetária, ainda não tem datas europeias anunciadas.

 

Nicki Minaj
Talvez a rapper e estrela de r&b seja um dos nomes desta lista que pode desatualizar este artigo e a sua vinda a Portugal se torne uma realidade. Para já, ainda anda muito longe de cá e nem os palcos de Espanha pisou, com as habituais coreografias e, mais do que tudo, o seu flow poderoso.

 

Tori Amos
A cantora norte-americana já tecla pianos de cauda à volta do mundo há mais 25 anos mas o público português ainda não experienciou a sua raça emocional ao vivo. Só em 2015 a ruivinha Tori Amos se estreou em Espanha, com um concerto no Primavera Sound de Barcelona que teria dado jeito ao cartaz do festival irmão no Parque da Cidade, no Porto. Mas os espaços que melhor lhe assentam seriam a Sala Suggia da Casa da Música, na Invicta, os grandes auditórios da Gulbenkian e do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, ou a Aula Magna, também na capital. A expectável procura pediria mais do que uma noite. Pianos não faltam.


 
The Smiths
Portugal não estava assim tão fora da rota das digressões das bandas indie ao longo dos anos 80. Aterraram nessa década por cá nomes de culto como os Sugarcubes, Lloyd Cole & The Commotions, Nick Cave, os Jesus & Mary Chain, os Echo & the Bunnymen, os Sound, os Clash ou até os joviais U2 (antes de se tornarem estrelas de estádio). De modo que não seria estranho de todo se os Smiths tivessem tocado cá ao longo dos seus parcos anos de vida. E até passaram perto, para concertos em Madrid e Barcelona em maio de 1985, antes de Morrissey ter iniciado um longo boicote a Espanha, em protesto contra as touradas de morte. Se os Smiths tivessem passado por cá em 1985, acreditamos que poderia ter sido semelhante ao que vemos em baixo.


 
Talking Heads
Os Talking Heads só se separaram de vez em 1991 mas a vida ao vivo da banda nova-iorquina terminou em 1983, no seu apogeu, com um espetáculo teatralizado de alto calibre que Jonathan Demme eternizaria no filme-concerto "Stop Making Sense". Toda a Europa pode reclamar não ter visto este show de 1983, que apenas correu pela América do Norte. Mas todos os ibéricos podem queixar-se de jamais terem visto na sua terra uma das bandas rock mais excitantes ao vivo do final dos anos 70 e inícios dos 80s.  


Grace Jones
O local mais justo para o batismo ao vivo de Grace Jones em Portugal talvez fosse o lisboeta Lux-Frágil, atendendo à figura boémia da artista jamaicana. Mas, na prática, era preciso um palco maior para o aparato cénico dos seus espetáculos e um camarim com um grande vestiário para o seu guarda-roupa mutante. Esta mulher que prenunciou o trip-hop não leva para o palco só a sua personalidade e os seus vários chapéus e máscaras. Faz a dança do varão ou hula hoop, enquanto canta. E mete respeito.

 

Tom Waits
O vozeirão rouco de Tom Waits nunca fez estremecer nenhuma parede de nenhuma sala de espetáculos portuguesa - a aura histórica do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, ou mesmo o igualmente circular Coliseu do Porto estavam mesmo a pedir. Tom Waits já cá filmou e até já se perdeu nas lojas de recordações de Fátima, mas nunca cá atuou oficialmente - especula-se que o tenha feito, de forma mais sigilosa, no Bairro Alto, em Lisboa. É cada vez menos provável que esse primeiro concerto em Portugal aconteça. As já de si curtas e raríssimas digressões pela Europa não acontecem há dez anos - em 2008 Tom Waits foi um mãos largas para os vizinhos espanhóis, país onde deu três concertos.

 

Johnny Cash
"Hello, I’m Johnny Cash": esta era a frase de arranque dos concertos da lenda country que o público português jamais ouviu. Apesar da sua imagem extremamente americana, Johnny Cash carimbou o passaporte com a marca dos países europeus desde os anos 50 até aos anos 90, especialmente no Reino Unido e na Alemanha, onde atuou vezes quase sem conta. Mas mesmo na última década do século XX, com Portugal já com uma agenda ao vivo recheada, a vinda de Johnny Cash ao nosso burgo pareceu sempre remota.  

 

Pavement
Chegaram a ser quase dados como certos nalguns festivais por cá mas o tempo ia passando e os Pavement iam-nos fugindo numa década de 90 em que, com a indústria ao vivo já bem implantada, as grandes bandas alternativas já não nos escapavam. Nem na digressão mundial de regresso em 2010, o borrego foi morto. Quem fica a perder mais: os fãs nacionais ou os Pavement? Parece que os fãs nacionais.


A Tribe Called Quest
Mais vale tarde que nunca: grandes nomes do hip hop como os De La Soul, os Public Enemy ou os Beastie Boys pisaram os palcos nacionais neste século. Mas não os já extintos A Tribe Called Quest, que a morte do MC Phife Dawg tornou incontornável. Mas verdade seja dita, o coletivo nova-iorquino raramente atravessou o Atlântico.