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Imagine Dragons: tempos de mudança no rock

Os Imagine Dragons regressaram a Portugal, em nome próprio, para um concerto na Altice Arena.

Imagine Dragons: tempos de mudança no rock
Rúben Viegas

 

Os Imagine Dragons regressaram nesta terça-feira, 4 de setembro, a Portugal para um concerto em nome próprio na Altice Arena, em Lisboa.

Na primeira parte foram os Vaccines que aqueceram o público, com um espetáculo com alguma luz e a característica "bagunça" rock despenteado a que já nos acostumaram. O público já era muito porque se a noite é de rock, não se pode virar costas ao poderio de umas boas guitarradas britânicas.

O grupo de Las Vegas, liderado por Dan Reynolds, vinha para apresentar o apresentar o terceiro álbum de estúdio, "Evolve", mas houve lugar para muitos outros êxitos. Aliás, este report vai ser, necessariamente, mais curto porque não se pode fazer a habitual descrição "os fãs vibraram aqui e além". Não. Não vibraram nesta. Nem naquela. Nem na outra a seguir. Vibraram durante todos os minutos das duas horas que durou o concerto, ininterruptamente, num incansável coro do princípio ao fim de cada canção, mesmo das novas.

O grupo ganhou rápida projeção internacional após o lançamento do primeiro EP, "It's Time", divulgado em 2011, a que se seguiu, já em 2012, o disco de estreia "Night Visions", de onde saíram os êxitos 'Radioactive', a que abriu a noite, e 'Demons', a que abriu o encore acompanhada de uma mensagem social do cantor, enquanto centenas de telemóveis iluminam a sala: "Se estiverem deprimidos ou a sofrer de ansiedade, consultem um médico. Eu já estive assim e não se é pior ou menor por isso. Façam-no, não tenham medo".

O grupo estreou-se em Portugal no verão de 2013 num momento que logo antecipava o que viria a ser o fenómeno Imagine Dragons em Portugal com o concerto a ser marcado para o discreto e outrora chamado TMN ao vivo a ser mudado para o Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Os Imagine Dragons regressaram depois para várias edições do NOS Alive. O grupo de fãs foi crescendo e nesta noite todos "picaram cartão" para os ver numa sala cheia, resultado dos cerca de 50 milhões de discos vendidos.

O grande investimento financeiro nesta tour, não passa pelo guarda-roupa já que Dan Reynols escolheu atuar o tempo todo apenas com uns calções vestidos. Mas sabe bem levar o seu público à loucura e pouco depois do arranque já está a atirar bandeiras para o público, uma delas de Portugal. E depois disso, mais um momento explosivo com 'Whatever It Takes' e 'Yesterday' - já do álbum do ano passado, lá está, e 'Natural', outra nova (lançada a 17 de julho deste ano) mas que pela reação de quem os segue não parece, de todo. A minha surpresa atinge o ponto máximo quando ouço outra do álbum "Evolve", 'Walking The Wire', a ser cantada de ponta a ponta por uma menina com não mais de 7 / 8 anos. Os Imagine Dragons são um fenómeno a mostrar que o rock está diferente. O público já não é "da pesada"; a atitude das fãs já é a de levarem vestidos de cocktail e indumentárias coleantes para o concerto, acompanhadas da condizente cabeleira alinhadíssima. Os fãs levam óculos de marca e as calças de ganga só são permitidas se forem acompanhadas de uma camisa de bom tecido. Curioso é ver esse ambiente contrastar coma estrela em tronco nú. "Em Portugal temos sempre o melhor público do mundo", diz Reynolds que, finalmente, acalma para entrar nas baladas com 'Next To Me'. As miúdas filmadas nas filas da frente choram. Dos pescoços dos rapazes saltam veias marcadas. A música fala-nos de aceitação e auto-estima.

O vocalista Dan Reynolds senta-se depois ao piano para uma 'Shots?' onde mostrou a sua voz rica e estrondosa.

Mais descontraída e madura, claro, com uma vibração sensual, chega a versão dos Police de 'Every Breath You Take' para depois vermos este homem inebriado pela música dos colegas de banda, a deitar-se no chão, a contorcer-se ao som de 'I'll Make It Up To You'. Além dele, também agora guitarrista e baixista interagem bem com o público e faz com que todos se sintam parte desta experiência ao vivo, tanto quanto a banda no palco. Ainda vêm 'Start Over' e 'Mouth of The River' não sem antes cair uma tempestade de confettis e o elogio: "Esta parece, realmente, uma noite perfeita", diz-nos o vocalista.

Segue-se a surpresa num palco menor, no meio do público, para a versão acústica de 'Born To Be Yours'. Com 'I Bet My Life', o anfitrião da noite desce e saúda os fãs, eufóricos, claro, enquanto um guarda-costas leva muito a sério o seu trabalho. Além da boa voz, muito provavelmente o que faz dele um grande artista é incorporar, viver como suas, as letras das canções dos Imagine Dragons.

É no palco principal que se faz o encore. 'Thunder' recebe uma resposta estrondosa dos fãs e, como se ainda fosse possível ir mais além, a loucura continua com 'On Top Of The World' que, entre nós, ficou no ouvido por ter sido explorada ao máximo por uma conhecida marca de telecomunicações.

Nesta noite, os Imagine Dragons fizeram a plateia deixar os seus problemas juntamente com os pertences proibidos pelos seguranças e fizeram-nos sentir livres. Além disso, a euforia coletiva fez desta uma noite de rock moderno para lembrar.