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Norah Jones embala no EDP Cool Jazz

A cantora fechou a edição deste ano do festival de Cascais.

Norah Jones embala no EDP Cool Jazz
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Quando se ouve falar de Norah Jones o nosso cérebro vai imediatamente parar às manhãs de domingo, longas, demoradas, sem horários marcados e com pequeno almoço na cama. A artista, que fechou a edição deste ano no EDP Cool Jazz, trouxe a Cascais uma seleção de temas de jazz suave, muito calmos, a um público atacado pelo frio.

A primeira parte da noite foi uma boa surpresa com Benjamim no palco do Hipódromo a dar um concerto com um certo tom interventivo, conversado com o público e de qualidade (pese embora o som não fosse o melhor; ao contrário do que já aconteceu com a artista cabeça-de-cartaz).

'Dança Com os Tubarões' é um dos seus temas que mais fica no ouvido e que animou o público presente, muito, ainda, à procura do seu lugar sentado ou a tratar de uma bebida para ajudar a combater o frio. Tem o seu quê de samba e de rock este tema. Curioso... 'O Sangue' e 'Tarrafal' voltam a pôr a ironia do artista em evidência "porque nestes últimos dias parece que recuámos a outros tempos". Cantautor e também produtor, Luís Nunes afirma ter nomes como os do Duo Ouro Negro, ou Lena d'Água como principais influências. Já de Bob Dylan, outro dos nomes que o inspira, parece ter retirado a vontade de contar, sem medos, o que de injusto vai por esse mundo fora. Exemplo disso é a fortíssima 'Terra Firme' que fecha o seu alinhamento a pôr o dedo na ferida sobre a situação angustiante, frustrante e dramática que os refugiados enfrentam.

Com o mais recente álbum datado de 2016, a filha do compositor indiano Ravi Shankar está a fazer a "Daybreaks World Tour" com temas que têm por propósito ser marcantes para quem os ouve. Já sobre o processo de composição, e à semelhança dos anteriores, supõe-se que tenha algo a ver com a própria Norah Jones cuja vida privada se mantém, realmente, muito privada.

Jones alcançou a fama enquanto cantora de jazz e pianista graças ao grande impacto que teve o seu álbum de 2002 "Come Away with Me", que vendeu surpreendentes 27 milhões de cópias. Daqui ouvimos 'Come Away With Me', 'Cold Cold Heart', 'Nightingale', 'I've Got To See You Again' e 'Don't Know Why', estas duas já no encore.

À vontade no piano, Norah Jones optou por se manter fiel a este instrumento sentada durante a noite desta terça-feira enquanto também fez a esperada, mas menos aplaudida, apresentação de um dos seus mais recentes temas, 'My Heart Is Full'.

Numa ligeira aproximação ao pop jazz, a cantora também mereceu aplausos quando foi buscar as mais antigas 'After the Fall', de 2012, e 'Sunrise', do álbum "Feel Like Home", de 2004.

Num todo, o desempenho foi muito profissional, embora fosse bem-vinda alguma espontaneidade. Quase não houve diálogo com o público e também foi dado pouco espaço para os seus músicos se soltarem e brilharem. O local atraiu muito público a quem ofereceu um som rico e robusto: tudo soou bem, desde a primeira fila até às últimas bancadas.