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Incêndios: empresa de Coimbra criou sistema de aviso às populações

O sistema permite emitir avisos para telemóveis, telefones fixos e até através dos sinos das igrejas. Autores do software vão oferecer tecnologia ao Governo.

Incêndios: empresa de Coimbra criou sistema de aviso às populações

A empresa tecnológica de Coimbra Wit Software lança esta quarta-feira o Woodpecker, um sistema que avalia uma situação de emergência em tempo real e gera alertas para serem enviados às populações por telemóveis, telefones fixos ou sinos de igrejas.

Além dos avisos e para que estes sejam emitidos, o sistema “permite a recolha de informação proveniente de fontes diversas, entre as quais dois satélites da NASA” (agência norte-americana), e foi desenvolvido por uma equipa de dez engenheiros daquela empresa, especialista em soluções de software para operadores de telecomunicações móveis a nível mundial.

O Woodpecker é lançado esta quarta-feira, pelas 18h00, na Sala do Senado da Universidade de Coimbra (UC), precisamente onde nasceu esta empresa há vários anos. 

O presidente da WIT Software, Luís Moura e Silva, explica que a equipa que faz parte da empresa não podia ficar indiferente ao que aconteceu no verão passado, com os trágicos incêndios e que nas ações de voluntariado que fizeram e através da leitura dos relatórios que foram encomendados pelo Governo sobre a matéria, detetaram que uma das falhas nos grandes fogos foi o facto da população não ter sido avisada do que estava a acontecer. 

Perante esta evidência, a equipa de engenheiros decidiu avançar com o desenvolvimento deste sistema, que permite enviar sms´s para os telemóveis das pessoas que estão próximas de um local em que ocorre uma catátrofe - o disposito está pensado quer para situações de incêndios, como para inundações, sismos ou ataques -, emitir um aviso através do telefone fixo (a mensagem escrita é convertida em áudio e o telefone toca quando recebe esse alerta). 

Ainda no que diz respeito aos avisos, o professor Luís Moura e Silva adianta que inspirado no exemplo do Dubai, onde as mesquitas emitem um aviso para chamar as pessoas para rezar, decidiu aplicar o mesmo sistema para Portugal, mas através dos sinos das igrejas. Os avisos são enviados também para dispositivos eletrónicos que serão acoplados aos sinos e altifalantes das igrejas”.

O hardware em causa é, segundo o presidente da WIT, acessível financeiramente e fácil de aplicar, podendo qualquer junta de freguesia obter esse dispositivo e pôr em prática esta solução, "é um pequeno hardware colocado junto aos sinos das igrejas, que recebe a mensagem de aviso e faz tocar o sino para avisar a população" de que algo de grave está a acontecer nas proximidades. 

O Woodpecker está praticamente pronto para ser posto em prática, faltando apenas dados e informações que as autoridades e outras entidades detêm para poder ser utilizado. 

 

 

 

EMPRESA QUER OFERECER SISTEMA. GOVERNO NÃO ESCLARECE SE PRETENDE UTILIZAR ESTA SOLUÇÃO 

Houve já um contacto formal com o Governo por parte da empresa para oferecer o sistema, mas até agora ainda não houve resposta. No entanto, na próxima semana, revela o presidente da WIT, Luís Moura e Silva, está agendada uma reunião com o responsável da Estrutura de Missão para a Gestão dos Fogos Rurais, criada após os incêndios do ano passado, para mostrarem a solução que desenvolveram. 

Questionámos o Ministério da Administração Interna (MAI) sobre se existe alguma intenção do Governo de utilizar esta tecnologia ou aproveitar algumas das funcionalidades, uma vez que o primeiro-ministro anunciou recentemente que estava a ser preparado um sistema de avisos à população através do envio de sms´s. 

Na resposta, o MAI não esclareceu se vai aproveitar o trabalho pro bono desta empresa e colocar este sistema a funcionar em prol das populações e remeteu apenas para informação que já tinha sido divulgada no fim de semana passado que indica que o governo pretende implementar um "sistema de alertas por SMS preparado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, pela ANACOM e pelos operadores de comunicações móveis que destina-se a informar as populações quando é declarado o Estado de Alerta Especial de Nível Vermelho". O ministério liderado por Eduardo Cabrita acrescenta que "a solução não tem custos para o Estado nem para os destinatários da mensagem".
 

 

O responsável desta empresa que teve origem na Universidade de Coimbra diz também que além de oferecer o sistema aos governantes do país vai "colocar o software em domínio público para que outras instituições, nomeadamente centros de investigação de instituições do ensino superior, possam melhorá-lo".

O sistema foi desenvolvido no âmbito da política de responsabilidade social da empresa, e pode ser aplicado em várias outras situações de emergência além de incêndios, como cheias, inundações e terramotos.