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Miguel Araújo: "não sou nada competitivo"

Entrevista à Rádio Comercial do músico que hoje e amanhã atua no Coliseu do Porto. Rui Veloso, Os Azeitonas ou Ana Bacalhau são alguns dos convidados.

Miguel Araújo: "não sou nada competitivo"

Miguel Araújo inicia esta noite a série de quatro coliseus. Os dois primeiros espetáculos são hoje e amanhã no Coliseu do Porto. No próximo fim-de-semana, é a vez do Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Miguel Araújo refere à Rádio Comercial que "a espinha dorsal dos [quatro] concertos é mais ou menos a mesma. Uma parte do concerto é dedicada ao disco novo, 'Giesta'. O setlist não vai ser rigorosamente igual mas vai ser muito parecido. Na segunda metade, são outras músicas minhas feitas por outras pessoas".

 

No fundo, Miguel Araújo vai jogar em casa. Vai ter como convidados das duas noites portuenses o seu 'pai musical' Rui Veloso, na noite de sábado vai voltar a partilhar o palco com a sua antiga banda Os Azeitonas. E tudo isto acontece no Porto que o viu crescer. "A cidade é muito ligada ao Coliseu do Porto - por mim falo porque a maior parte dos concertos e os melhores que vi foram nessa sala. E depois, o Porto tem também uma tradição de acolher bem os seus artistas locais. Os concertos da malta do Porto - o Abrunhosa, o Rui Veloso, os GNR - [tornam-se] uma loucura máxima".

 

Miguel Araújo vai ainda contar com dois velhos amigos no Coliseu do Porto, ambos nesta noite: a vocalista dos Best Youth, Catarina Salinas, e o André Tentúgal, o mentor dos We Trust. A Catarina Salinas "é muito minha amiga há muitos anos, muito antes de eu ter os meus discos e ela os dela. Nós conhecemo-nos num bar aqui da Foz a que íamos muito. Conheço-a já desde esses tempos, 2000, 2001, talvez. Vai ser porreiro tocar essa música ['1987'] na sua versão original, em que somos os dois a cantar".

 

O André Tentúgal "é muito meu amigo há muitos anos. Apesar de fazer um género de música muito diferente do meu, acompanhamos as carreiras um do outro de perto. Ele é muito meu amigo, é uma das pessoas responsáveis por ter gravado o meu primeiro disco a solo. Já participou em muitos concertos meus mas sempre do lado lá das câmaras. Por exemplo, gravou-me o concerto na Casa da Música".

 

Além de tocar na sua cidade, com o 'pai do rock' Rui Veloso, com a sua antiga banda Os Azeitonas, e os seus velhos amigos Catarina Salinas e André Tentúgal, Miguel Araújo vai ter também consigo os seus tios em palco: "Os Kapas é uma banda formada por tios meus e por alguns amigos desses meus tios - um deles já morreu há uns anos mas está connosco em espírito. Nos anos 60, juntavam-se semi-profissionalmente na zona do Porto e no norte do país, nas Queimas das Fitas. Tocavam covers dos Beatles, do Dylan, dos [Rollinng] Stones e chegaram a ser a banda de suporte do Duo Ouro Negro quando tocava de Coimbra para cima. Chegaram a ser praticamente profissionais mas não seguiram esse caminho. Têm outras profissões. E agora juntam-se por lazer e recriação todas as segundas-feiras à noite. Desafio-os para estas coisas. Ao princípio, fazem-se difíceis mas acabam por aceitar". "Um é pediatra, outro é cirurgião vascular, outro é mediador de seguros".

 

No sábado, Miguel Araújo conta com a alfacinha Ana Bacalhau (vocalista da Deolinda), que lançou agora o seu primeiro álbum em "Nome Próprio". "Sou um grande fã da Ana, não a conheço tão intimimamente como os meus amigos do Porto como o André e a Catarina. Mas conheço-a bem. Ela honrou-me com um convite para lhe escrever uma música. Assim fiz, o 'Ciúme', que é o primeiro single dela. Vai ser uma oportunidade para fazermos um dueto, o que não acontece todos os dias".


Com esta série de quatro concertos nos coliseus das duas maiores cidades do país, Miguel Araújo vai chegar à marca de 37 espetáculos nessas salas (se contarmos com as atuações com o António Zambujo e a sua fase n'Os Azeitonas). Mereceria já um registo no livro dos recordes do Guiness? Ou haverá algum recordista acima dele? "Fui sendo encaminhado para a música por não ser uma pessoa muito competitiva ou atlética. Nunca liguei nada a desporto, nem a marcas de competição. Às vezes, ia jogar ténis com os meus amigos e perdia de propósito com pena. Dá-me a ideia que andar a registar estas coisas como se fosse um desporto de alta competição não faz muito sentido. Depois, uma pessoa tem que andar a alimentar esses números e tal. Esse número está altamente inflacionado porque 28 desses concertos foram feitos com o Zambujo. Mas isso é uma coisa que nunca mais se vai repetir. Era o que mais faltava. Se fôssemos muito competitivos, não iríamos mais aos coliseus com medo de nunca mais igualar a marca. Mas nós não pensamos minimamente nisso. No dia em que nos apetecer, vamos voltar aos coliseus, sem ligar nenhuma se são dois, três ou um, ou meio ou 50".