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NOS Alive: as proezas técnicas dos Royal Blood

Muito rock pesado e até hip hop na contagem decrescente para o concerto final dos Metallica no palco principal.

NOS Alive: as proezas técnicas dos Royal Blood

Os Metallica ainda não tinham subido ao palco e já se faziam sentir nos concertos anteriores no Palco NOS, fosse na mancha negra de fãs que se espalhava pelo recinto, fosse nas línguas de palco que lhes preparavam o cenário, fosse na idolatria assumida pelas bandas anteriores, como os Royal Blood ou os Don Broco, que não queriam acreditar que partilhavam o mesmo palco que eles. 

Os Royal Blood foram, como esperado, a banda que mais reações obteve na contagem decrescente para o momento épico do terceiro dia do Alive. A dupla formada pelo baixista Mike Kerr e pelo baterista Ben Thatcher foi um trio em palco, acompanhada pelo teclista Darren James. 

O hard-rock sempre de fugida para outros géneros e as soluções técnicas da dupla são trunfos que lhes dão palco. O vocalista Mike Kerr, por exemplo, usa um baixo que soa a uma guitatra elétrica, graças à magia dos pedais. Consegue combinar baixo e guitarra elétrica naquela amplificação louca.

Entretanto, os fãs dos Metallica vão ensaiando pequenas moshs para aquecer, como se notou quando os Royal Blood tocavam Come on Over. A reconhecível Trouble’s Coming ajuda a animar as hostes, quase tanto quanto aquela espécie de solo de guitarra no baixo de Kerr em 'Hook, Line & Sinker'. Mas o outro solo, vindo do baterista Ben Thatcher, a finalizar 'Little Monster', torna-se ainda mais marcante. Aquilo foi todo um check-up a todo o seu kit, que nem poupou o gongo por trás... Ben Thatcher tem ido ao ginásio, sem dúvida. 

Em 'How Did We Get So Dark?', o teclista surge a cantar nos coros com um efeito de vocoder no microfone, enquanto Ben Kerr termina exuberantemente a sua interpretação subindo o degrau junto à bateria. 

Como o encerramento de um concerto tem que encaixar com o pico de glória, não bastava tocar temas populares dos primórdios como 'Figure It Out' ou 'Out of the Black'. Era preciso Mike Kerr ser ainda teatral com a sua forma de tocar, subindo o degrau junto à bateria. Nos ecrãs laterais, aparece Cameraman Metálico, o nosso guardião do metal, a curtir o som na fila da frente. Enquanto ele aparecer, o hard-rock e o metal estarão em boas mãos.

 

Mike Kerr, todo arranjadinho com a sua camisa veraneante toda catita, estava um pouco desfasado do guarda-roupa lugúbre do dia, tal como o vocalista dos Don Broco, Rob Damiani, com uma camisa festiva e um corte de cabelo à Paulo Futre nos anos 80 - ou, melhor ainda, a lembrar a personagem hard-rocker de "Stranger Things", Billy Hargrove. 

A abrirem o Palco NOS a partir das 18h00, conseguiram animar os fãs dos Metallica com um rock alternativo devoto do metal e dos power chords, com momentos mais dançantes e devedores do disco-sound, onde os falsetes substituem os grunhidos graves.

Sempre muito bem disposto, Rob Damiani estimula um duelo entre moshpits da esquerda e da direita, e mais tarde graceja a possibilidade de poderem usar a língua de palco dos Metallica - "espero que tenham autorizado, se não estamos em sarilhos".

 

 

 

Entre os concertos de Don Broco e de Royal Blood, atuou o rapper de excelência AJ Tracey que, com o cancelamento de Stormzy, pareceu desenquadrado com o cartaz do dia. Em 50 minutos de atuação, nunca se cansou de procurar pessoas que gostassem de hip hop no meio do público dos Metallica e, com a sua visão de falcão, sempre que detetou pessoas entusiasmadas, dirigiu-se a elas para lhes dedicar determinada música... na língua de palco dos Metallica.