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Exposição antológica revela recente trabalho artístico de Miguel Telles da Gama

A exposição é inaugurada esta quarta-feira no Museu Coleção Berardo.

Exposição antológica revela recente trabalho artístico de Miguel Telles da Gama
Pixabay

Uma exposição antológica da obra do pintor Miguel Telles da Gama, intitulada “Debaixo da Pele”, que inclui o seu mais recente projeto artístico, é inaugurada esta quarta-feira, no Museu Coleção Berardo, em Lisboa.

Com curadoria de José Luís Porfírio, a mostra, que é inaugurada às 17h00 e ficará patente até 6 de novembro, inclui ainda conjuntos selecionados a partir de um repositório de três décadas.

Sem uma total obediência cronológica, esta apresentação compreende obras que têm o desenho e a citação como bases de "evocações imaginárias", evoluindo para uma utilização constante do desenho gráfico, da imagem fotográfica e da imagem cinematográfica, passando dos fragmentos de artes decorativas tradicionais ao espelho cego das armaduras de aparato do século XVI, segundo um texto do museu. "As peles são múltiplas, como múltiplas são também as inscrições desenhadas ou escritas: todas mostram, todas escondem, todas aparecem, todas desaparecem, de algum modo revelando o que se esconde debaixo da pele, a insatisfação e o desejo de mudança unidos numa mesma pulsão transformadora", acrescenta.

Nesta exposição, segundo a curadoria, "a pele é equivalente à 'página lisa' onde tudo se pode encontrar: imagens, palavras e cores assumidas em formas e consistência diversas, umas vezes como pele, outras vezes como casca".

No trabalho do artista nascido em Lisboa em 1965, a cor, volume, espessura e transparência, recebe por vezes palavras ou desenhos "que mostra e oculta ao mesmo tempo".

"Esta é também uma antologia do trabalho do pintor que não pretende ser um resumo integral do seu percurso, mas antes apresentar-se como uma obra nova, construída e partir de um conjunto de fragmentos da sua obra anterior, seguindo uma poética própria e muito sua", aponta o museu.

Esse trabalho "consiste em aproveitar o já existente, partindo do princípio de que já foi tudo inventado, as imagens, as palavras e as cores, mas tendo plena consciência que não está tudo dito, ou seja, que, a partir do incontável das imagens, das palavras e das cores, muito pode estar ainda por dizer", descreve a curadoria.

Miguel Telles da Gama expõe desde 1990 (exposição "Arremessos", na Galeria Novo Século), altura em que já apresentava fragmentos de corpos, juntamente com vídeos de Paulo Abreu, cineasta que colabora nesta exposição com um filme que se defronta com o "cavaleiro inexistente".

Se a exposição é construída a partir de fragmentos da obra anterior, cada trabalho exposto "une aleatoriamente fragmentos de histórias que nunca se concluem, tal como imagens oriundas do universo gráfico, bem como da fotografia e do cinema, que nunca estão completas, tapadas por vezes por massas de cor e por palavras que lhe dão ou transformam o sentido", descreve.

A opção para a produção da mostra "foi escolher obras a partir do fim do século — obras nas quais uma expressividade inicial dá lugar a um teatro de personagens sem enredo".

A obra mais antiga nesta exposição é uma pintura de 1997, "Reserva de caça", inspirada num cinzeiro de Rafael Bordalo Pinheiro, pintura matriz para um tratamento das imagens gráficas que surgiu em 2003, na exposição "Fragmentos, Cernes e o Meu Cão" (Galeria 111), em Lisboa.

Miguel Telles da Gama, que vive e trabalha em Lisboa, apresentou anteriormente, entre outras exposições "Vanishing act", na Giefarte, Lisboa (2016), "Azul profundo", na Fundação Medeiros e Almeida, Lisboa (2014), e "Vuoto", no Museu de História Natural.