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John Legend "há uma retaliação contra a igualdade na América"

Entrevista em vídeo ao músico num hotel de Cascais, antes do concerto no EDP Cool Jazz.

John Legend "há uma retaliação contra a igualdade na América"
Ricardo Pereira (Bauer Media Audio Portugal)

No final da manhã de sábado, John Legend deu entrevistas a três órgãos de comunicação social, um dos quais a Rádio Comercial, a poucas horas de iniciar a digressão europeia, no Hipódromo Manuel Possolo, em Cascais - concerto que provocou uma enchente de, pelo menos, 14 mil pessoas.

Encontrámo-lo numa suite de um hotel junto ao mar, na Quinta da Marinha, com o seu ar de principe: cordial, calmo, bem parecido, inteligente. Em dez minutos que tínhamos para o entrevistar, deu para se falar sobre o próximo álbum, a regressão cívica atual nos Estados Unidos, o prazer de tocar ao vivo e, claro, de amor. 

 

O próximo álbum
"Está praticamente concluído. Faltam as masterizações. Vai sair neste ano. Está muito soul, muito divertido. Acho que já têm boas indicações com os temas que já foram lançados. Publicámos o ‘Dope’, o ‘Honey’ e vamos lançar mais temas ao longo do verão. Vamos tocar ao vivo algumas dessas músicas na noite de hoje [sábado, dia 2] e estou entusiasmado que as pessoas as possam ouvir. Tenho a JID no ‘Dope’, a Muni Long no ‘Honey’, mas temos também outros grandes colaboradores no álbum, tanta gente talentosa com quem pude trabalhar, tanto na retaguarda, como ao microfone. Grandes produtores como o Ryan Tedder ou o Oak Felder, grandes co-autores como Muni Long, Charlie Puth, Tayla Parx. Tratam-se de colaboradores talentosos. Vamos fazer mais anúncios em breve".

Envolvimento atual em músicas para filmes
"Estou a compor algumas canções para filmes, outras para a Broadway. Estou ocupado a compor, adoro criar novas músicas e colaborar. Estou excitado com a música que está para vir".

‘Glory’ 
"Claro que é especial por termos ganho o Óscar. É também especial por ter feito parte de um filme que honrava o trabalho do Martin Luther King, do John Lewis e de todas aquelas pessoas que marcharam com eles pelo direito ao voto nos Estados Unidos. Sabíamos que era uma grande responsabilidade fazer parte de um filme tão importante. Quando eu e o Common escrevemos a canção, queriamos fazer algo muito especial que fosse merecedor do fecho deste filme tão importante, realizado pela Ava DuVernay. Nós viemos com esta música, para homenagear a obra de Martin Luther King, mas também para falar do que se estava a passar nas ruas da América, no período em que estávamos a compor a canção. Ouvem-nos a falar de Ferguson, da brutalidade policial, das pessoas a marcharem para dizerem “Black Lives Matter”. Estamos a falar sobre isso, porque era importante ligar os movimentos de direitos civis dos anos 60 com a luta pela igualdade e justiça nos Estados Unidos, no século XXI".

A regressão cívica na América atual
"Há sempre uma retaliação contra o progresso e contra o avanço para a igualdade. Estamos a sentir essa retaliação hoje em dia, é horrível. Vai dar cabo de muitas pessoas, vai afetar muitas vidas. Estou genuinamente preocupado com o futuro do nosso país, porque estamos a sentir uma regressão de tantas maneiras. Estou preocupado, porque vai prejudicar muitas vidas". 

O amor
"Acho que o amor está infiltrado em praticamente toda a minha música e é uma importante parte daquilo que sou. Sinto que o amor é um assunto recorrente em mim, penso que é muito importante. É parte daquilo que somos, da forma como nos ligamos e nos damos. É por isso que é tão importante [o amor] fazer parte da minha música, também". 

Ao vivo
"Temos estado em digressão desde agosto. Fizemos a Bigger Love Tour nos Estados Unidos em agosto, depois cumprimos uma residêndia de espetáculos em Las Vegas, iniciada em abril, e agora, finalmente, estamos de volta à Europa. Queriamos fazer esta turné desde 2020, que fomos adiando por causa da pandemia. É excitante estar finalmente aqui, em Portugal, e poder atuar na Europa.
Adoro a energia do público e a interação. Tenho estado a escrever e a trabalhar bastante em estúdio. Há algo de especial na criação em estúdio, mas é ainda mais especial quando partilhas com o público, sentindo a sua energia e a sua imediata reação. Isso é algo que não podes reviver no estúdio".

A família 
"Eles estão cá comigo. Vão estar comigo à volta da Europa. Tanto quanto possível, eles vão estar comigo em toda a digressão. Eles foram ter comigo para os meus concertos em Las Vegas, muitas das vezes. Sempre que possível, levo-os comigo".

Memórias de Portugal
"A última vez que estivemos cá foi no Porto. A reação do público foi tão linda, tal como a vista e a maresia. Foi uma experiência maravilhosa. Tivemos também ótima comida. Comemos sempre muito bem aqui. Ótimo marisco".