Luís Godinho, conhecido fotógrafo português, está em Lviv, na Ucrânia, país invadido pelos militares russos. Dirige-se à Polónia onde pretende fotografar os refugiados que chegam àquele país. Pelo caminho tem estado a testemunhar o drama e os horrores que se desenrolam na Ucrânia.
Luís Godinho sabe que tem de manter a distância a que a profissão o obriga, mas revela que é difícil não se emocionar porque "é indescritível o choro, as lágrimas. As crianças levam o seu brinquedo favorito, quase todas um peluche", numa imagem devastadora.
"É surreal ver o sofrimento destas pessoas"
O fotógrafo tem assistido às despedidas emocionadas de quem tem de fugir ou ir para a guerra. Para Luís Godinho, a "despedida passa a ter outro sentido. Casais, mães, namorados, filhos a despedirem-se de quem vai para a guerra é indiscritível. A partir desse dia a despedida começou a ter um novo sentido porque é surreal ver o sofrimento destas pessoas".
"Há um sentimento de impotência. É impossível ficar indiferente"
É com voz embargada que Luís Godinho conta a história de uma mulher que fotografou: "já não dormia há treze noites, não mais do que uma ou duas horas, o seu prédio foi bombardeado por roquetes, um deles entrou na casa dela. Perdeu tudo". E essa mulher confidenciou a Luís Godinho que perdeu a casa, perdeu a cidade, "o sistema nervoso, tudo o que tinha mas não a esperança. E as lágrimas escorriam-lhe pela cara".
Um relato do fotógrafo português Luís Godinho para ouvir: