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Explicar a guerra às crianças. Como deve fazê-lo?

É a dúvida de todos os pais numa altura em que as conversas giram em torno do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Sem alarmismos, o importante é não esconder a realidade aos mais novos.

Explicar a guerra às crianças. Como deve fazê-lo?
PIXABAY

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia é o tema dominante das conversas e, por estes dias, é impossível que as crianças não se apercebam do que se passa no mundo.

Mas, afinal, como se explica uma guerra aos mais novos? Será que os pais devem fazê-lo ou "proteger" os filhos desta realidade?

Para Diana Costa Gomes, psicóloga clínica de crianças, adolescentes e adultos e de aconselhamento parental, a resposta é simples: "é muito importante não esconder das crianças o que está a acontecer, ainda que o que esteja a acontecer seja duro e cruel". "Retirar as crianças do problema é retirá-las do mundo em que vivem, mas o assunto deve ser abordado sem alarmismos", acrescenta.

 

 

Mas como? A especialista lembra que é importante adequar o discurso à faixa etária e à maturidade cognitiva, desmistificando a ideia da guerra e garantindo que todos os conflitos têm resolução.

"Devemos fazer uma comunicação assertiva, lembrando os mais novos de que existe sempre a possibilidade de negociação e acordo, educando-as desta forma para um mundo de não-violência e de respeito pelo outro", explica Diana Costa Gomes

Mais do que focar o discurso na violência e na destruição, o importante é garantir aos mais novos que a guerra acaba em paz.

 

 

Ao mesmo tempo, deve dar-se espaço para que a criança expresse as dúvidas e receios. No caso dos mais novos, os desenhos ou brincadeiras relacionadas com guerras não devem ser encaradas com preocupação. A psicóloga lembra que "as crianças não têm a mesma forma de comunicar de um adulto e, nesses casos, essa é apenas uma forma de expressão de elaborar aquilo que as preocupa e não conseguem resolver".

Diana Costa Gomes lembra, ainda, que é importante não diabolizar os países em conflito e que não devemos categorizá-los como sendo "bons" e "maus". "Essa é a tendência, mas não devemos polarizar os lados do conflito. Essa dicotomia só vai deturpar a visão da realidade", acrescenta.

 

 

E em relação aos adolescentes? Diana Costa Gomes diz que é importante estar atento a sinais de mudança de comportamento e, nesses casos, procurar ajuda profissional. "É importante procurar uma perspetiva mais neutra, de alguém que não esteja emocionalmente ligado ao adolescente, garantindo assim espaço à partilha daquilo que o preocupa", explica.

Para a psicóloga clínica esta é, então, a altura ideal para educar os mais novos para a não-violência, começando desde cedo a formar cidadãos críticos e conscientes da cidadania e do respeito das liberdades individuais e coletivas.