Ainda năo tem a nossa APP? Pode fazer o download aqui.

Empresa de casal alemăo no Alentejo quer transformar lă em fertilizantes biológicos

O projeto é considerado pioneiro em Portugal, além de cumprir princípios de sustentabilidade ambiental.

Empresa de casal alemăo no Alentejo quer transformar lă em fertilizantes biológicos
PIXABAY

Uma empresa pretende desenvolver, em Castelo de Vide (Portalegre), um projeto considerado "pioneiro” em Portugal que prevê a transformação da lã de ovinos e caprinos em fertilizantes biológicos para o solo, na forma de ‘pellets’.

O presidente da comissão de cogestão do Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM), António Pita, explicou à agência Lusa que o projeto, denominado “Boa Terra”, foi apresentado àquela entidade por um casal alemão que reside naquela área protegida.

"O casal vive em Marvão, há cerca de um ano, e apresentou à comissão este projeto muito simples, mas pioneiro no país”, que já existe em países como a Alemanha, revelou.

O projeto, “basicamente, aproveita a lã dos animais de abate transformando-a em ‘pellets’ como fertilizantes do solo”, acrescentou.

Para António Pita, que é também presidente da Câmara de Castelo de Vide, a “grande vantagem” desta iniciativa passa pelo aproveitamento de um subproduto do animal que, frequentemente, “não tem valor, não é utilizado”, e que, assim, passa a ser aplicado como um fator “extremamente positivo” no solo.

Contactado pela Lusa, o porta-voz da empresa, Ricardo Oliveira, explicou que a lã é transformada em fertilizantes biológicos através de uma máquina que tritura esse produto de origem animal.

“A máquina vai triturar a lã em bocadinhos, entre os quatro e sete milímetros”, indicou, referindo que o produto é, depois, “compactado a alta pressão e higienizado a uma temperatura de 100 graus”.

Ricardo Oliveira explicou ainda que o produto pode, a seguir, ser aplicado diretamente no solo, embora “o ideal” passe por efetuar uma pequena lavoura no solo, com uma profundidade de “entre três a quatro centímetros”.

De acordo com o responsável, o projeto envolve um investimento “abaixo dos 250 mil euros” e deverá estar em pleno funcionamento a partir de junho, devendo criar “quatro a cinco postos de trabalho”.

O presidente da comissão de cogestão do PNSSM considerou que o projeto tem “o grande mérito” de cumprir com princípios de sustentabilidade ambiental, sem que sejam produzidos “quaisquer resíduos nefastos” para o ambiente.

A empresa encontra-se nesta fase a obter os respetivos licenciamentos e espera obter a certificação de produto sustentável e biológico.

“O PNSSM vê com bons olhos” a vinda para a região deste “tipo de projetos”, sobretudo os que possam ter “o selo natural.pt, que é um selo ambiental de um produto feito numa área protegida”, disse António Pita.

Na mesma reunião da comissão de cogestão do PNSSM onde o “Boa Terra” foi apresentado, estiveram presentes representantes do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), tendo sido “manifestado interesse” em colaborar, no futuro, com esta iniciativa.

Segundo o representante do casal alemão promotor, nesta fase, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a desenvolver um estudo para que a empresa possa obter o certificado para o uso da lã no solo.