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Projeto-piloto aposta na produção de macroalgas em mar aberto no Porto de Sines

O objetivo é depois distribuir e comercializar na indústria farmacêutica, alimentação humana, biocombustíveis e plásticos.

Projeto-piloto aposta na produção de macroalgas em mar aberto no Porto de Sines
Pixabay/ Fraugun

Um projeto-piloto de produção de macroalgas em mar aberto está a ser desenvolvido no Porto de Sines (Setúbal), para distribuição e comercialização na indústria farmacêutica, alimentação humana, biocombustíveis e plásticos, foi hoje revelado.

O projeto “Solkelp” é promovido pela empresa Arm Of The Ocean, sediada em Lisboa e em Sines, e “está na fase de experimentação”, explicou hoje à agência Lusa o respetivo fundador, Manuel Pereira Coutinho.

“Queremos tentar viabilizar a produção de macroalgas em mar aberto” com o propósito de as “distribuir não só para farmacêuticas e empresas de cosmética, mas também para alimentação humana, rações animais, biocombustíveis e bioplásticos”, sublinhou.

A ideia do negócio, que está a ser desenvolvido em parceria com a empresa norueguesa Sea Weed Solution (SES), consiste na colocação de “seis pares de boias com algas” em locais específicos da área portuária.

“Trata-se de uma boia que tem um cabo de 50 metros preso a uma âncora, onde se enrolam as sementes das algas, ainda pequenas, deixando a natureza fazer o resto”, especificou.

Com este projeto, “queremos perceber, até ao final deste ano, como é que as algas cresceram e quais as suas características” para, depois, “estabelecer um plano a longo prazo para a produção e comercialização das algas” a partir do Porto de Sines, frisou.

“Sines foi escolhido por ser um local de mar exposto, mas com alguma proteção das ondas” e também porque as suas águas têm “qualidades que permitem o crescimento sustentável das algas”, justificou o empresário.

O projeto assenta na “descarbonização do ambiente, especificamente em busca de neutralizar o efeito de emissão de gases [com efeito] de estufa, sendo que as macroalgas podem converter mais CO2” em comparação “com plantas terrestres”, destacou.

De acordo com o responsável, os diferentes locais onde as estruturas vão ser colocadas permitem avaliar a influência das “correntes, a qualidade da água e a exposição a outros animais marinhos” no “crescimento das algas”.

Por seu lado, a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) realçou, em comunicado, o seu apoio “a projetos de investigação e desenvolvimento”, tendo em conta “a relevância atual dada às plantas marinhas pela sua eficiência no sequestro de carbono da atmosfera”.

Trata-se de projetos que contribuem “para o surgimento de soluções inovadoras e ambientalmente sustentáveis, sem colocar em causa a operacionalidade do porto”, disse.

Questionado pela Lusa sobre o montante do investimento, Manuel Pereira Coutinho não quis adiantar pormenores, uma vez que o projeto se encontra “em fase de testes”, revelando apenas a expectativa de “entrar em produção” no espaço de “um a dois anos”.

O responsável disse apostar num crescimento “orgânico e sustentável” do projeto, mas admitiu querer tornar-se “num dos maiores 'players' do mercado europeu de produção de macroalgas em offshore” num horizonte de cinco anos.

“Iremos começar com 20 hectares e, depois, vamos crescendo sucessivamente até atingir o nosso objetivo de 60 hectares, mas tudo isto vai depender dos testes que estamos a efetuar e do apoio do Porto de Sines”, concluiu.

O projeto tem ainda como parceiros o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e a empresa In2Sea, especializada na indústria marinha.