Os portugueses adquirem mais de mil toneladas de embalagens desnecessárias quando vão às compras. A Deco Proteste lançou a ação #ExijoForaDaCaixa para pedir aos consumidores que identifiquem os produtos e as marcas onde existe este excesso de embalagens.
"São inúmeros os produtos que neste momento são vendidos com embalagens desnecessárias e que são colocadas no lixo, mal o consumidor chega a casa", lembra a responsável pela área da sustentabilidade da Defesa do Consumidor, Elsa Agante. "Por exemplo, a pasta de dentes que vem numa caixa, os iogurtes que já vêm agregados uns aos outros e que ainda trazem uma embalagem de cartão, totalmente dispensável". Acrescenta que "quase 90% dessas embalagens que vão diretamente para o lixo antes sequer de consumirmos os produtos são de cartão e papel". A Deco apela, por isso, ao fim do sobre-embalamento desnecessário deste tipo de produtos, de modo a poupar matérias-primas e recursos naturais e promover a redução do desperdício pelos consumidores.
Para atingir esse objetivo, convida os portugueses a juntarem-se à iniciativa #ExijoForaDaCaixa, que visa recolher exemplos de produtos que estejam sobre-embalados, partilhados pelos próprios consumidores, através do carregamento de fotografias dos produtos em causa no site da iniciativa.
Além de querer fazer chegar às marcas esses exemplos, de forma a trabalhar soluções sustentáveis com elas e alterar as suas práticas atuais, a ação #ExijoForaDaCaixa também apresenta 10 soluções que podem mudar o mercado.
A saber:
- Trabalhar com as marcas para que otimizem a forma como incluem informação obrigatória no seu produto. Por exemplo, colocar essa informação na embalagem primária ou em rótulos desdobráveis colados a ela.
- Sempre que possível, eliminar o embalamento de frutas frescas e vegetais frescos, de forma a contribuir para a redução dos resíduos e do desperdício.
- Otimizar os produtos em embalagens grupadas ou multipack (como iogurtes ou bebidas), com ligações mínimas entre cada embalagem individual, de modo a reduzir a quantidade de plástico ou cartão usado.
- Eliminar a utilização de embalagens secundárias em produtos em que não há qualquer valor acrescentado.
- Banir progressivamente as embalagens que recorram ao uso de diferentes tipos de materiais (por exemplo, embalagens que misturam plástico e papel). Neste caso, a Deco defende que os produtores devem optar por embalagens feitas de apenas um material, para facilitar a sua reciclagem.
- Uniformizar o tipo de embalagens colocadas no mercado, cumprindo as normas de ecodesign definidas para cada tipo de produto, de modo a assegurar que não são usados materiais com impacto negativo na triagem e reciclagem.
- Adaptar a capacidade de embalagem à quantidade/volume do produto embalado, exceto nas situações em que de forma comprovada seja necessária uma embalagem extra para efeitos de conservação.
- Possibilitar a venda a granel de produtos sem necessidades especiais de conservação (exemplo: produtos de limpeza e alimentos como café em grão e leguminosas secas).
- Promover a reutilização de embalagens secundárias e terciárias ao nível de transporte e armazenamento, sempre que for possível.
- Definir limites mínimos para incorporar material reciclado na produção de embalagens, exceto quando a conservação do produto não o permita.