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Euro2020: Pontapé do 'meio da rua' de Éder materializou sonho ao quinto pódio

Portugal vai cumprir como detentor do título a sua sétima presença, e sexta consecutiva, na fase final de um Europeu.

Euro2020: Pontapé do 'meio da rua' de Éder materializou sonho ao quinto pódio

A seleção portuguesa de futebol ?acertou? à quinta presença no pódio no título europeu que há muito sonhava, ao vencer com intenso drama uma edição de 2016 em que ?todos os astros se alinharam?.

Um pontapé do ?meio da rua? de Éderzito António Macedo Lopes, vulgo Éder, aos 109 minutos da final com a anfitriã França (1-0), colocou um ponto final numa série de grandes desilusões lusas na prova, a começar pela final de 2004.

Em casa, perante a Grécia, Portugal parecia ter tudo para conquistar o troféu na primeira presença num jogo decisivo, mas falhou, em plena Luz (0-1), depois de já colecionar três eliminações nas meias-finais, em 1984, 2000 e 2012.

Nas restantes presenças, a formação das ?quinas?, que só se estreou em 1984, mas não falha um certame desde 1996, também nunca se ficou pela fase de grupos, somando duas eliminações nos quartos de final, em 1996 e 2008.

Com o triunfo na final de 2016, que ?vingou? os desaires com os gauleses nas ?meias? de 1984 e 2000 e também na mesma fase do Mundial de 2006, Portugal acabou, no entanto, com a ?malapata?, tornando-se o 10.º país a arrebatar a prova.

Para trás, ficou aquele ?maldito? golo de Charisteas, o de Platini, a mão de Abel Xavier, que Zidane transformou em ?ouro? de penálti, ou o ?chapéu? de Poborsky.

A seleção lusa falhou consecutivamente o apuramento para os Europeus de 1960 a 80, apesar de, pelo meio, ter sido terceira no Mundial de 66 e de, entre portas, contar com uma das melhores equipas do continente, o Benfica, campeão europeu em 1961 e 62 e ?vice? em 63, 65 e 68, só com portugueses.

Em 1984, Portugal chegou, finalmente, a uma fase final, depois de um ?duelo? até ao último jogo com a União Soviética, que, depois de ter goleado em casa (5-0), sucumbiu na Luz (1-0) a um penálti de Jordão, conquistado por Chalana.

O brasileiro Otto Glória demitiu-se após a goleada em Moscovo e foi Fernando Cabrita (mais Toni, José Augusto e António Morais) que levou Portugal às ?meias?, após ?driblar? um grupo com RFA (0-0), Espanha (1-1) e Roménia (1-0).

Um golo de Nené selou as ?meias?, nas quais Portugal começou a perder, mas deu a volta, já no prolongamento, com um ?bis? de Jordão, oferecido por Chalana: o sonho esteve a cinco minutos, mas a anfitriã França ainda virou para 3-2, selado ?cruelmente? por Michel Platini, aos 119 minutos.

A presença de 1984 superou as expectativas, mas não teve seguimento, já que Portugal falhou os Europeus de 1988 e de 1992, que ainda é o último sem a seleção lusa. Voltou apenas em 1996, na primeira vez da ?geração de ouro?, os campeões mundiais de juniores, com Carlos Queiroz, em 1989 e 1991.

Portugal voltou a abrir com um empate (1-1 com a Dinamarca) e, depois, bateu Turquia (1-0) e as ?reservas? de uma Croácia já apurada (3-0), para, nos ?quartos?, sucumbir ao ?chapéu? de Karel Poborsky, checo que viria a jogar no Benfica.

Em 2000, perante Inglaterra, Alemanha e Roménia, parecia impossível passar a fase de grupos, mas os comandados de Humberto Coelho estiveram arrasadores, começando por virar de 0-2 para 3-2 com os ingleses, com tentos de Figo, João Pinto e Nuno Gomes, este último em estreia a marcar.

Depois, Costinha selou o apuramento com os romenos (1-0), mas Portugal, com as ?reservas?, ainda afastou e humilhou a Alemanha (3-0, com um ?hat-trick? de Sérgio Conceição), antes de superar a Turquia nos ?quartos? (2-0), com um ?bis? de Nuno Gomes - servido por Figo - e um penálti detido por Vítor Baía.

O então jovem avançado viria a dar vantagem a Portugal nas ?meias?, no reencontro com a França, mas os gauleses conseguiram, novamente, a reviravolta, desta vez com Zinédine Zidane a decidir, com um ?golo de ouro?, de grande penalidade, aos 117 minutos, após polémica mão de Abel Xavier.

A formação das ?quinas? foi, depois, a anfitriã do Euro2004 e começou da pior forma, com uma derrota perante a Grécia (1-2), que, quem diria então, voltaria a estragar a festa lusa, agora sem remissão, na final (0-1).

Entre os dois embates com os helénicos, Portugal, comandado pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, começou por superar a fase de grupos ?in-extremis?, com um golo de Nuno Gomes à Espanha (1-0), após bater uma Rússia cedo reduzida a 10 (2-0).

Seguiu-se um memorável embate com a Inglaterra, resolvido, após intensos 120 minutos (2-2), na ?lotaria? (6-5), com dois momentos para a lenda de Ricardo (defesa de um penálti sem luvas e golo da vitória) e um de Hélder Postiga (?Panenka? que poderia ter custado o adeus).

O apuramento para a final, face aos Países Baixos (2-1, com tentos de Cristiano Ronaldo e Maniche, este monumental), acabou por ser o mais fácil, até que tudo se desmoronou na cabeça de Angelos Charisteas.

Em 2008, Portugal começou com dois triunfos (2-0 à Turquia e 3-1 à República Checa), selando desde logo os ?quartos?, mas, depois, ?desapareceu? (0-2 com a Suíça, ainda na primeira fase, e 2-3 com Alemanha), no que constituiu uma despedida amarga para Scolari, entretanto comprometido com o Chelsea.

Quatro anos volvidos, com Paulo Bento ao ?leme?, Portugal começou com um desaire (0-1) face à Alemanha, ?retificado? com triunfos complicados face a Dinamarca (resolveu Varela, aos 87 minutos) e Países Baixos (?bis? de Ronaldo).

Cristiano Ronaldo voltou a resolver nos ?quartos?, face à República Checa (1-0), mas já não conseguiu ser fator perante a Espanha, que ganhou na ?lotaria? (4-2), após 120 minutos sem golos. Falharam João Moutinho e Bruno Alves.

Em 2016, Portugal fez uma fase de grupos penosa, com empates com Islândia (1-1), Áustria (0-0) e Hungria (3-3), e só não caiu pela primeira vez antes da fase a eliminar porque os quatro melhores terceiros também seguiam em frente.

O conjunto comandado por Fernando Santos qualificou-se e, graças a um golo da Islândia face à Áustria aos 90+4 minutos, ainda foi parar à parte ?favorável? do quadro, começando por superar a Croácia, nos ?oitavos?, mas só no tempo extra (1-0).

Nos ?quartos?, foi ainda mais difícil bater a Polónia, que só caiu nos penáltis (5-3, após 1-1), para, nas ?meias?, chegar a primeira e única vitória nos 90 minutos, selada face ao País de Gales (2-0), que nunca se tinha visto nestas ?andanças?.

A final, face à anfitriã França, prometia ser complicada e mais se tornou, aparentemente, com a lesão prematura de Cristiano Ronaldo, mas Fernando Santos tirou Éder da ?cartola? e este escreveu a mais bonita página do futebol português.

Desta forma, Portugal vai cumprir como detentor do título a sua sétima presença, e sexta consecutiva, na fase final de um Europeu, o Euro2020, que se realiza de 11 de junho a 11 de julho de 2021, em 11 cidades de 11 países.