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A estreia dos Beatles no Cavern foi há 60 anos

Sala de Liverpool foi o berço para a banda. Foi naquele espaço que muita coisa se decidiu para os Fab Four.

A estreia dos Beatles no Cavern foi há 60 anos
Dave Thompson (Associated Press)

Liverpool, 9 de fevereiro de 1961. Uma banda jovem, vinda de uma longa residência de espectáculos em Hamburgo, e com o nome recente de The Beatles, atuava pela primeira vez no Cavern, também conhecido como The Cavern Club. Foi há precisamente 60 anos. 
 
O Cavern tornar-se-ia o embrião dos Beatles, depois o seu berço e - já durante a Beatlemania - uma capela de peregrinação para ver o grupo. Foi no clube de Liverpool que também subiu ao palco a banda anterior aos Beatles, The Quarrymen, onde haviam tocado John Lennon e também Paul McCartney. O Cavern foi o espaço onde a banda mais cresceu e onde deu 292 concertos entre 9 de fevereiro de 1961 e 3 de Agosto de 1963. O Cavern foi, para os Beatles, mais do que uma sala de ensaio, mais até que uma segunda casa. Seria o ninho para o maior voo da história do rock.
 
O que mudou nos Beatles entre a 1ª atuação e a 292ª no Cavern? 
Praticamente tudo. Entre 9 de fevereiro de 1961 e 3 de agosto de 1963, o que se manteve de pedra e cal foram os guitarristas John Lennon e George Harrison e o baixista Paul McCartney. O desenquadrado Pete Best, que ocupava a bateria, fora substituído pelo mais alegre e empático Ringo Starr - a sensação local das baquetadas. Foi no Cavern que Ringo se sentou pela primeira vez como o quarto membro dos Beatles, em agosto de 1962. 


Em fevereiro de 1961, os Beatles usavam roupas de couro, penteados rockabilly e tinham uma maior informalidade. Em agosto de 1963, quando se estavam a despedir de vez da sua cidade de Liverpool, usavam fatos impecáveis e tinham uma imagem homogeneizada. O culpado dessa mudança foi o seu manager Brian Epstein, que em fevereiro de 1961 nem sequer os conhecia. Foi no Cavern que os descobriu, em novembro de 1961. 


Há exatamente 60 anos, cada um dos quatro membros dos Beatles podia apanhar um autocarro anonimamente. Eles eram apenas uma banda mais a fazer covers de rock & roll. No verão de 1963, quando estavam a dar o último concerto no Cavern, mal podiam sair do carro com motorista e tinham logo centenas de jovens histéricas a querer tocar nos ídolos. A banda estava a edificar um reportório próprio a uma grande velocidade, já a alcançar o nº1 das tabelas de vendas britânica e norte-americana (e de outras partes do mundo), que foi o que aconteceu com o single lançado naquele agosto de 1963, 'She Loves You', que os Beatles tocaram no derradeiro concerto no Cavern. 


Em fevereiro de 1961, o cachê dos Beatles era de cinco libras, num clube que era acima de tudo de jazz. À jovem banda de Lennon e McCartney, havia apenas margem para as lunchtime sessions, espécie de matinés para os britânicos. 30 meses depois, os Beatles recebiam 300 libras de caché e eram as grandes estrelas do clube, com as noites reservadas para si. O invernoso e húmido clube em 1961 era em 1963, com os Beatles, um autêntico forno humano, onde o suor da sala sobrelotada provocava condensação nas paredes e tectos e o risco de um curto-circuito no sistema elétrico do palco – o que chegou mesmo a acontecer com os Fab Four em palco. 
 
O que era o Cavern? 
Era uma sala arqueada e estreita, no centro de Liverpool, junto à baía, com capacidade para 200 pessoas. Outrora uma adega, serviu de refúgio a alguns habitantes, durante o Blitz de maio de 1941, aquando das noites de massacre bombista pela aviação nazi, em especial naquela zona da cidade. 


Em 1957, foi fundado naquele espaço o tal The Cavern Club, como um clube de jazz de Liverpool. Contudo, o rumo dos acontecimentos alterou a política da casa. Tornar-se-ia na sala histórica para as bandas da Merseybeat, como os Gerry and the Pacemakers (conhecidos pela versão de 'You'll Never Walk Alone', popularizado pelo adeptos do Liverpool Football Club) e, sobretudo, os Beatles. 


O Cavern foi depois perdendo a aura e em 1973 foi demolido. Hoje existe uma réplica na zona, que é um local turístico. O Cavern tornou-se novamente uma capela de peregrinação para os fãs dos Beatles – mas já sem poder vê-los em carne e osso, como dantes, quando tudo começou a 9 de fevereiro de 1961.