"É daquelas coisas que eu espero fazer até ao fim dos meus dias"

No ano em que a Rádio Comercial faz 40 anos, Nuno Markl comemora 25 anos de casa. Abençoada a hora em que deixou de ser jornalista.

“Parabéns Rádio Comercial. E obrigado por me deixares cá estar”.

Já são 25 anos de casa para Nuno Markl. “A rádio é aquele meio que toda a gente diz que vai morrer. Aparece a televisão e diz-se ‘pronto, agora a rádio está tramada’. Não. A rádio é como no fim do filme 'Carrie' do Brian de Palma, quando a mão sai da campa. A rádio é sempre dada como enterrada, e sai e continua”, diz o radialista, comediante, guionista, criativo de todas as horas (e também uma das pessoas mais acarinhadas da família Rádio Comercial – mas a entrevistadora-colega é suspeita).

Nos 40 Anos da Rádio Comercial, Nuno Markl recorda como era super ouvinte da Rádio Comercial e como chegou a participar num concurso dos anos 80 com um programa que criou com os amigos sobre... meio ambiente. Perderam. Mas, fast-forward para 1994, o recém-formado do CENJOR ganhou um lugar na estação como jornalista nas madrugadas, onde era apresentado como “o jornalista que markla a diferença” – talvez porque estivesse sempre a tentar criar rubricas de humor e de cinema ao mesmo tempo que dava notícias.

Em 1997, por encomenda do então director da Rádio Comercial, Luís Montez, começa uma rubrica de histórias bizarras nas Manhãs da Comercial a que deu o nome “O Homem Que Mordeu o Cão”, rubrica que explodiu com essa coisa nova que era a internet. “É por isso que, se ouvires as primeiras edições d'O Homem Que Mordeu o Cão, eu tenho voz de jornalista. Hoje pareço um maluco na rádio”.

O bichinho nasceu nas rádios piratas a falar “para ninguém” e continuou a crescer quando Markl chegou a dar autógrafos até às 3h da manhã depois do lançamento de um dos livros da “Caderneta de Cromos”.

No ano em que se comemoram os 40 anos da Rádio Comercial, Nuno Markl vê-se velhinho, na Casa do Artista, a fazer rádio. “Tudo é efémero, a fama e estar na crista na onda. Mas, desde que haja um microfone e desde que haja um estúdio, um dos meus ideias de felicidade é falar na rádio: seja para um milhão de pessoas, seja para sete, ou seja para zero, como acontecia na Rádio Voz de Benfica”.

Por Ana Martins

 

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